Quem é o dono da obra? Quem é o dono do partido? Clima começa esquentar na política
As eleições municipais estão batendo a porta e o clima, claro, tende a esquentar. Dois episódios marcaram a semana, nos bastidores políticos, envolvendo o DEM e o PSDB.
No âmbito estadual e também no federal, os partidos caminham há anos de mãos dadas, mas a nível local e regional, há algumas divergências e em época eleitoral, é claro que elas se afloram.
Na semana passada, o deputado estadual pelo PSDB, Barros Munhoz chamou Edmir Chedid, durante sessão na Assembléia Legislativa de “ladrão de obras” por causa da inauguração de um Centro Dia do Idoso, na cidade de Amparo.
Na terça-feira, 28, foi a vez do deputado Edmir Chedid rebater durante a sessão as acusações, dizendo que o deputado Barros Munhoz agiu com falta de compostura e falta de respeito.
Edmir Chedid, disse que apesar de Barros Munhoz, ter trabalhado pela obra desde o ano de 2014, ele teria feito isto desde 2013.
Os vídeos com a acusação e também com a defesa, circularam, é claro, que rapidamente pela internet, e pelo WhatsApp.
Confira os vídeos.
Os vídeos demonstram o que deverá vir pela frente na campanha eleitoral: as redes sociais serão de suma importância na disseminação de propostas, já que a campanha é mais curta.
Porém, além disto, pode se esperar uma enxurrada de ataques e defesas principalmente pelo WhatsApp.
Casos em que uma obra tem mais que “um pai” são muito comum principalmente quando saímos da esfera estadual e vamos para esfera municipal. Tem vereador que sempre se acha dono de tudo.
Se os munícipes de Amparo não sabem quem é o dono da obra do Centro Dia do Idoso, em Bragança Paulista, a briga é pelo comando do próprio PSDB e decisão de quem será o candidato.
Primeiro Edmir Chedid esteve com a Executiva do PSDB em São Paulo e anunciou que o partido Democratas contará com o apoio do PSDB local, composto entre outros pelo ex-prefeito João Afonso Sólis (Jango) e pelo ex- vereador João Carlos Carvalho.
Depois Jango, esteve em uma reunião com o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, e disse que o mesmo teria dito a ele que sua candidatura esta garantida.
Em seguida, João Carlos Carvalho colocou seu nome como pré-candidato a prefeito no PSDB, o que obrigaria o partido a fazer uma disputa interna.
Jango, governou Bragança Paulista por dois mandatos, justamente após a cassação de Jesus Chedid, pai de Edmir, condenador, por durante a campanha de 2004 veicular propaganda em desacordo com a legislação eleitoral, beneficiando empresas de sua própria família.
Durante 7 anos e 2 meses, Jango foi massacrado pelo grupo Chedid e em suas declarações à imprensa ele se demonstrou desconfortável em apoiar uma candidatura do Democratas, porém disse que estava conversando com todos os partidos, alegando que busca acima de tudo o bem de Bragança Paulista.
Este é o discurso também que assumiu o ex-vereador João Carlos Carvalho, que na última eleição ficou em quarto lugar. João Carlos afirma que só não aceita coligação com o PT, de Fernão Dias.
E agora, que rumo tomará o PSDB? Quem é o dono do partido?
Quem terá mais forças junto à executiva estadual do PSDB?
De um lado Edmir Chedid que teve 167.909 votos na eleição de 2014, sendo 58.596 deles em Bragança Paulista, o que representa 71,47% dos votos.
Do outro lado o PSDB de Jango, derrotado nas últimas eleições municipais. João Carlos foi o candidato na época e obteve 4.697 votos, o que representa apenas 5% dos votos.
Na época, nem Jango assumiu João Carlos como seu candidato, nem João Carlos assumiu que era o candidato de Jango, o que já demonstrava um racha no partido, que começou em 2010, quando Jango lançou sua esposa Kátia Sólis como candidata a deputada estadual.
Jango afirma que apesar de responder diversos processos tem condições de ser candidato e não está inelegível.
Seu nome, entretanto, consta duas vezes na última lista divulgada pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, com data de 17 de março, devido a contas julgadas irregulares.
Confira no link: http://www4.tce.sp.gov.br/acompanhamento-processual/resultado-da-pesquisa-de-processo?TC=3641-003-08).
A divulgação do TCE faz parte de um Termo de Cooperação Técnica firmado com a Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo.
Um dos processos é referente a contratação da Delduque e outro do convênio com a ONG Viva a Vila. Em contato, com a reportagem do Bragança em Pauta, Jango explicou que os dois casos não o deixam inelegível.
Com relação ao primeiro, já pagou a multa citada e com relação a ONG Viva Vila ele foi absolvido.
Com João Carlos trazendo a público seu desejo por uma candidatura a prefeito, o partido terá obrigatoriamente que realizar uma prévia, caso nenhum dos dois desista.
Quem vai vencer esta queda de braços?
Fato é que nunca o cenário das eleições municipais foi tão indefinido.
Apesar da maioria dos partidos, já demonstrar quais são suas futuras alianças e muitos pré-candidatos terem sido anunciados, só não existe dúvida com relação a futura candidatura de Renan Oliveira do PSOL.
Nos outros grupos, além desta briga pelo PSDB, o que existe são muitas conversas de bastidores, reuniões e de concreto mesmo, por enquanto nada.
O prefeito Fernão Dias, que teoricamente seria candidato nato, declarou recentemente ao apresentados Jésus Flávio que não disputará as eleições. O PT, porém ainda não se manifestou oficialmente sobre a disputa do cargo majoritário.
Será que diante de toda a crise política nacional envolvendo o PT, e do tradicionalismo histórico bragantino, uma campanha com qualquer outro nome pelo PT seria capaz de decolar?
Assim como há dúvidas quanto a inexigibilidade de Jango, será que Jesus Chedid pode ser candidato?
E o PPS, de Renato Frangini que rumo pretende tomar?
Mesmo tendo saído do Democratas, Frangini, não descartou possibilidade de se aliar com o grupo Chedid. Da mesma forma, também não descartou possibilidade de se aliar a grupo liderado pelo ex-prefeito José de Lima, composto além do PTB, por partidos como PSDB, PSB, PV e PSD.
Uma candidatura independente e solitária de Frangini será que teria capacidade de decolar?
Gustavo Sartori se mantém em silêncio. Não concedeu entrevista nem ao Bragança Em Pauta, nem a rádio Bragança AM, como pré-candidato.
Na eleição de 2012 ele teve 14.252 votos, enquanto que na eleição de 2008, tinha alcançado a marca de 15.933. Ou seja, teve uma queda de 1681 votos de uma eleição para outra.
Será que em uma terceira disputa, sua candidatura teria capacidade de decolar?
Alguns acreditam que os partidos irão apostar na força das mulheres para esta eleição: Fabiana Alessandri do PSD e Beth Chedid do Democratas, são cotadas para a disputa do cargo de prefeita.
As duas estão em plena pré-campanha, mas será que as possíveis candidaturas delas decolariam devido a desilusão com Dilma Roussef, a primeira presidente mulher do Brasil?
Outros nomes estão na disputa: Amauri Sodré, Rodrigo Pires Pimentel, Joca Vasconcellos, mas de concreto, ainda nada.
Pires Pimentel, já levou um puxão de tapete. Era filiado ao PRB e tinha lançado a pré-candidatura no ano passado, mas quando o prazo para filiações partidárias estava terminando recebeu a orientação para apoiar o grupo Chedid e ai, deixou o partido e foi para o PTB.
O que o eleitor bragantino quer? Qual o perfil ideal de um candidato ou candidata a prefeito?
É isto que os marqueteiros e analistas políticos de plantão tentam descobrir baseando-se é claro em pesquisas.
Tradição ou inovação?
Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos. Até as convenções, que acontecem a partir do dia 20 de julho, muita água ainda vai rolar.