Atibaia mantem tradição de malhar Judas no sábado de Aleluia
No “Sábado de Aleluia”, dia 15, Atibaia mantém viva a tradição da “Malhação de Judas” em frente à porta da Igreja da Matriz.
Segundo a Prefeitura, todas as crianças estão convidadas a participar.
O boneco que simboliza o “Judas” foi confeccionado por funcionários da Secretaria de Cultura (do Museu Municipal João Batista Conti) e integrantes da Comissão Paulista de Folclore através do Núcleo de Folclore Pé da Serra, e está recheado de algodão, moedas e 10 quilos de balas.
A “malhação” está marcada para as 12h.
O costume foi trazido pelos portugueses e espanhóis para a América Latina e a tradição está incorporada aos costumes de vários outros povos do mundo. Ao que tudo indica, a queima do Judas pode estar relacionada ao rito pagão do Fogo Novo, herdados dos hebreus.
No século XIX, na Córsega, era costume um grupo de rapazes percorrer a ilha, no sábado de aleluia, gritando “Fogo Novo”; em anos anteriores, na Lorena Francesa, esse fogo era feito com a palma benta na porta do cemitério.
Na Alemanha, vestia-se um menino de Judas para depois sofrer a prova do fogo sendo balançado por cima da fogueira. Há lugares onde os bonecos são queimados na frente dos cemitérios ou igrejas e outros podem sofrer um tiro de fuzil. Também pode ser lido o “testamento do Judas”, que é condenado por enforcamento.
No Brasil, temos a informação desse ritual desde o século XVIII, quando alguns bonecos, no Rio de Janeiro, eram queimados com fogos de artifício presos no ventre. No folclore, a figura do Judas Iscariotes, o traidor de Jesus, foi substituída por críticas à situação do momento (políticos e governantes são os mais esteriotipados).
Suas vestes também sofreram alterações, não sendo mais as roupas de linho e algodão, mas paletó, gravata, terno ou qualquer roupa que o identifique com o personagem mais comum na atualidade. Seu recheio pode ser de palha, capim, algodão ou papel. Pode ficar pendurado a um poste, uma árvore ou qualquer outro lugar bem visível ao povo. Geralmente são as crianças e jovens os mais interessados na brincadeira.
Tradição em Atibaia
De acordo com a gerente de Folclore e Cultura Popular e Responsável pelo Museu Municipal João Batista Conti, Lilian Vogel, em Atibaia os bonecos eram antigamente pendurados defronte ao Hotel São João e no Cine República. Além da Praça da Matriz, em bairros como o Alvinópolis, Caetetuba e Rio Abaixo podemos encontrar outros bonecos e várias pessoas que ainda mantém a tradição secular.
Os bonecos também podem ter formas e características marcantes que lembram personalidades da atualidade, políticos nacionais e internacionais. Tudo sempre com muita criatividade.