Jango afirma que é pré-candidato e faz desabafos
Foto: Arquivo Jango.
Dando continuidade à série de entrevistas com pré-candidatos a prefeito, a reportagem do Bragança Em Pauta conversou com João Afonso Sólis (Jango), que exerceu o cargo de prefeito entre outubro de 2005 e dezembro de 2012.
Jango confirmou seu interesse em ser candidato a prefeito nas próximas eleições e fez alguns desabafos.
Como Jango é filiado ao PSDB, partido aliado a nível estadual ao Democratas, do grupo Chedid, a reportagem questionou se ele tem medo de ficar sem legenda por ordem da executiva estadual. “Nós tivemos uma conversa muito franca e o PSDB quer candidatos em todos os municípios”, disse.
O ex-prefeito afirmou que apesar dos processos que ainda responde na Justiça, e de algumas multas que paga por causa de ações do Tribunal de Contas, não tem impedimentos legais que possam impedir a sua candidatura.
Durante a entrevista, Jango disse que tem mágoa de não ter tido oportunidade de mostrar tudo que fez para Bragança Paulista em seus dois mandatos.
“Hoje eu falo para as pessoas que não precisam gostar do Jango e nem votar no Jango, mas que elas olhem o que foi feito em sete anos. Peguei uma Prefeitura quebrada, com mais de 30 milhões de precatórios e fiz 21 escolas, 17 quadras poliesportivas, cinco postos de saúde, asfaltei diversos bairros”,
Ele lembrou ainda que também reformou o Mercado Municipal, a Praça do Matadouro e conquistou para Bragança Paulista a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), uma unidade do Centro Especializado de Odontologia (CEO), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), entre outras obras e conquistas como o SESI, SENAI e Fatec.
“Vamos olhar quem fez e quem não fez. Eu pergunto para todo mundo, o que eu não fiz? Ai a pessoa não sabe responder o que é nada, já que dizem que o Jango não fez nada. Ficou o dito pelo não dito por causa de uma emissora de rádio e um programa de TV que ficava lá falando, o tempo todo, que eu não fazia nada”.
Jango classificou os ataques sofridos durante seus sete anos de mandato como armação política.
“Fizeram um conluio, uma armação política para destruir a minha imagem, mas não conseguiram, prova disto é que em 2008 fui reeleito com uma boa margem de votos”.
Mesmo diante dos ataques sofridos por Jango e sua família, ele disse que não despreza o grupo Chedid.
“Eu não desprezo o grupo Chedid, de jeito nenhum. Eu não desprezo. Eles têm o poderio, a força deles, só que eu acho que é uma força imposta de forma muito bruta em cima das pessoas. Eles fazem uma lavagem cerebral, um convencimento que não é real”.
Questionado se diante de tudo que já passou à frente do Executivo e das dificuldades financeiras atuais que o município se encontra, se ele acredita que vale a pena ser candidato, Jango afirmou que sim. “É um desafio maior e minha experiência pode fazer a diferença”, enfatizou.
Jango disse ainda que diariamente ouve pelas ruas o pedido para que se candidate novamente. “Independente de eu ser popular, de ser uma pessoa conhecida, de ter o meu comércio, durante o tempo que fui prefeito mantive os mesmos hábitos e depois de ser prefeito também”, acrescentou Jango lembrando que agora além das críticas terem diminuído acabaram também os ataques pessoais.
Ele acrescentou que apesar de sua família ter sofrido muito durante o tempo em que foi prefeito conta com o apoio deles como pré-candidato.
“Minha mãe está com 84 anos de idade e não precisa mais votar, mas disse que faria muito gosto de votar em mim para prefeito. Eu gosto disto. Me sinto perdido estando afastado do meio político. Eu acredito que ainda dá para fazer muito por esta cidade. Eu não troco Bragança por nada”.
Ao avaliar a administração de Fernão Dias, Jango disse que um dos grandes erros foi o prefeito realizar a terceirização da saúde. “Isto acabou criando toda problemática que envolve a questão financeira do município hoje”, disse.
Jango admitiu ainda que cometeu erros na sua administração, mas disse que em sua opinião nunca a cidade ficou tão cheia de buracos, com tantos problemas de manutenção e pichações como está atualmente. “Eu tive problemas também, claro que tive. Tive praças pichadas, falta de remédios, mas eu não consigo entender algumas coisas desta administração” disse Jango, acrescentando que algumas coisas se resolveriam não com dinheiro, mas com apoio e trabalho dos servidores públicos.
“Os funcionários sempre trabalharam com boa vontade e dedicação”, disse Jango, falando do tempo em que era prefeito.
Durante a entrevista, Jango fez questão de ressaltar justamente que tem recebido muitas declarações de apoio à sua pré-candidatura, do funcionalismo público e que entre suas pré-propostas específicas para os servidores estão à elaboração do Plano de Cargos e Carreiras e o Plano de Previdência, coisas que lamentou não ter conseguido colocar em práticas em seus mandatos.
Ainda sobre a administração de Fernão Dias, Jango acrescentou que entre as coisas que o deixa muito triste estão: a extinção do Programa Música na Escola, do Orçamento Participativo nas escolas, do corte da distribuição de uniformes escolares para todos os alunos da rede e da falta de apoio ao Carnaval e ao Natal.
Com relação ao Carnaval, Jango também criticou a Liga Independente das Escolas de Samba de Bragança Paulista (LIESB), lembrando as melhorias que fez para a segurança do Carnaval com o fechamento da passarela.
Afirmou que agora, como presidente da Escola de Samba Acadêmicos da Vila, não pode colocar a escola na rua sem estas condições de segurança garantidas.
“Estão oferecendo 30 mil. Nós não sabemos de quem que é. Eu quero saber a origem deste dinheiro, destes 30 mil. De quem é este dinheiro? Quem está dando para a LIESB este dinheiro, para dar para Vila desfilar, Dragão e para Nove? Ninguém fala. Você pergunta e dizem: tem um empresário. Mas quem é o empresário? Eu quero saber. Eu tenho esta obrigação de saber e de ser responsável, disse Jango.
O ex-prefeito acrescentou ainda que os desfiles de 2016, sem subvenção da Prefeitura, vão causar uma situação delicada para 2017, tanto no que diz respeito ao regulamento, como a subvenção e que o futuro prefeito, antes de conceder novamente subvenção às escolas terá que analisar quais realmente trabalham o ano inteiro em prol da população.
“Podem me acusar de tudo, mas de corrupto, safado e ladrão ninguém pode dizer nada do tempo que eu fiquei na Prefeitura. Se fosse eu estava rico, e não estava aqui conversando com você e não precisava ser candidato”, afirmou o ex-prefeito ao falar porque não aceitou dinheiro para que a Acadêmicos da Vila desfilasse.
Sobre o Natal, ele disse que mobilizou alguns comerciantes para enfeitar a Rua do Mercado, mas que não conseguiram. “Na minha época tinham 180 arcos e este ano, tentamos pegar estes arcos, comprar tintas, material e lâmpadas, mas não tem mais que 10 arcos”.
Acrescentou que ficou triste com a falta de decoração porque gera um atrativo para a cidade, afirmando que cerca de 32 mil pessoas assinavam o livro de visitas na Prefeitura, na época do Natal.
Jango também falou sobre alguns desafios para o próximo prefeito da cidade, além de enfrentar a crise. “O grande desafio do mundo e dos governantes é a questão das drogas e a questão família. As redes sociais tomaram um espaço tão grande dentro do ser humano que está faltando à questão do amor”, disse.
Sobre sua própria administração ele admitiu que cometeu erros.
“Cometi muitos erros. Não vou dizer para você que não. Mas hoje analisando tudo eu acho que mais acertei do que errei, se não eu podia ate estar preso.”
Ainda em tom de desabafo acrescentou que se arrepende de uma única obra: a construção da Concha Acústica.
“Eu faria muitas coisas diferentes. Eu agi muito com o coração. Hoje eu agiria mais com a razão. Eu sofri com as pessoas que se diziam parceiras. Sofri muito com o relacionamento com a Câmara Municipal e com a alguns veículos de imprensa. Eu sofria muito aquela pressão, da imprensa de querer, querer e querer, para falar bem de mim. E eu falava que não precisava falar bem de mim e sim falar da cidade, o que era verdade e só aparecia mentira. O superfaturamento da merenda cadê? O superfaturamento do terreno da Vila Bianchi cadê?”.
Para Jango, outro grande desafio do homem público atualmente é a questão política nacional.
“O político hoje é tachado de vagabundo, ladrão, safado. Tem que parar com isto. Tem gente deste naipe e nós estamos vendo tudo que esta acontecendo, mas temos que separar o joio do trigo. Existem pessoas boas neste meio, tem gente honesta.”
Sobre as mudanças eleitorais, ele acredita que são benéficas.
“Vai ser uma campanha rápida, de 45 dias. E eu quero ver como vão ser as campanhas que alguns fazem com churrascos, porco no rolete, prometendo tudo: emprego, bolo, batizado, aniversário. Fui cinco eleições consecutivas eleito. Três para vereador e duas para prefeito e nunca tive dinheiro. Sempre fiz campanha do meu jeito, andando pela rua”.
Jango finalizou a entrevista afirmando que como pré-candidato pretende planejar sua campanha afim de mostrar o que fez de forma limpa e transparente.