Jovens lotam Centro Cultural da FESB para discutir política
Diz o ditado, que política, religião e futebol não se discute. Para quem busca um futuro melhor se discute sim, mas claro, que sempre respeitando as opiniões de cada um. E foi justamente pensando em construir um Brasil melhor, que dezenas de jovens lotaram o Centro Cultural da Fundação Municipal de Ensino Superior (FESB), antes do feriado de Páscoa, com o objetivo de debater o cenário político financeiro do país.
O debate, organizado pelo curso de História da Universidade, contou com a presença dos palestrantes: Renan Oliveira (sociólogo), Basílio Zechim (advogado) e Tadeu Vaz (economista e cientista político).
Cada qual na sua área fez uma apresentação de suas opiniões sobre a crise, alertaram sobre o perigo de um golpe e responderam às perguntas do público.
Renan Oliveira falou sobre as transformações que o Partido dos Trabalhadores passou ao longo dos anos no poder, deixando de realizar os enfrentamentos que propunha no passado.
“Este partido era um partido de esquerda. Hoje no máximo é um partido de centro. Este governo não fez os enfrentamentos que deveria ter feito, se quisesse realmente fazer transformações estruturais. Este governo não fez por exemplo, uma reforma agrária. Este governo não fez uma reforma tributária, este governo não fez uma reforma urbana. Este governo não fez e agora, enfraquecido, não dá mais. Não eram quaisquer reformas, eram reformas tendo em vista a maioria da população. Este foi um governo de conciliação de classes”.
Renan falou também do fortalecimento da direita e classificou a grande mídia como manipuladora e golpista.
“Enquanto puderam usar o governo do PT eles usaram, agora que não podem mais, descartam”.
O sociólogo também criticou a atuação do juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato. “O que ele fez ao mandar os grampos para a imprensa, foi uma afronta a democracia”.
O cientista político e economista Tadeu Vaz, falou sobre a situação econômica que o país vive.
“O Lula, paz e amor, foi eleito, querendo fazer uma grande coalisão. No fim de 2001 para 2002, o Brasil vivia uma crise econômica, muito mais séria que hoje. Havia desemprego adoidado, as pessoas tinham dificuldades de comprar carros, de fazer consumo, o dólar e os juros estavam alto, a indústria quebrada. E você se lembram quem era o vice do Lula? Um industrial. Ou seja, o Lula se elegeu a partir de uma coalizão forte e um momento econômico ruim. E logo quando ele se reelegeu ele deixou uma carta aberta aos brasileiros, onde ele fala iria aceitar o mercado financeiro. Ou seja, ia jogar o jogo. O Lula não é nada comunista. O Lula é capitalista. Ele acredita que o Capital é o melhor para o desenvolvimento”.
Tadeu Vaz ressaltou que o Lula não queria romper com o Mercado e foi assim até o seu segundo mandato, quando explodiu o escândalo do mensalão.
“O bolsa família funciona porque o cara que ganha R$ 100,00, gasta, consome e isto gerou empregos e fez com que o mercado interno crescesse muito. O governo Lula promoveu uma nova classe social, que gosta de consumir, que começou a andar de avião, frequentar universidade e ninguém gosta de ver sua renda cair. O governo Lula não queria melhorar a cabeça do povo. Queria que através do consumo a vida das pessoas melhorassem e melhorou”.
O economista, terminou sua participação, questionando os jovens onde deu errado, falando também que não foram feitas reformas estruturais.
Já o advogado Basílio Zechinni falou sobre o vazamento das gravações da conversa entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula.
“Prova conseguida de forma ilícita não é válida. A nossa lei prevê que a prova só é válida se for lícita. Uma prova que por conter um diálogo com a presidente da república, deveria ter sido comunicada ao Superior Tribunal de Justiça e não foi, ao contrário vazou para imprensa sofre risco de não ser aceita posteriormente”.
O advogado classificou como temeroso atropelar a legalidade e que isto gera total insegurança.
“A democracia foi um processo muito caro para o Brasil e a gente tem que tomar muito cuidado. O país precisa de uma renovação, uma limpeza no cenário político, mas dentro da legalidade”.
Todos falaram da importância dos jovens ficarem antenados no que compartilham na internet, para não disseminar notícias falsas, e que estejam atentos e procurem mídias alternativas para não sofrer a influência da grande mídia.
O bate papo, contou também com a participação do advogado presidente do PSTU, Tales Machado de Carvalho, que sugeriu que a saída para este momento de crise seriam eleições gerais.
“A população foi enganada pelo governo e pela oposição. Tem que ter eleição para presidente, para prefeito, governador, para deputado. Quando falam que o PT está sendo vítima de um golpe, eu concordo. Acho que o impeachment não é o caminho. Mas o PT também é golpista. É golpista quando fala que vai governar para os trabalhadores e não governa. Isto também é golpe. Hoje eles falam para a população: saiam às ruas para me defender, mas foi este Governo que deu porrada em quem se manifestou contra a Copa. A população tem que ir para rua sim, mas para defender: fora todos eles e eleições diretas”.