Coluna Marcus Valle: Crônica de uma morte anunciada

*Por Marcus Valle

1-Crônica de uma morte anunciada 

Muitas mortes, danos, pessoas desalojadas com as grandes chuvas no litoral norte. 

Com a enorme repercussão, autoridades se manifestam, e anunciam ajudas e providências. 

O Brasil é assim mesmo. Quando uma desgraça (previsível) acontece, há uma grande mobilização. Fazem até novas leis, rigorosas.  

Meses depois, esquece-se o assunto… até a nova desgraça acontecer. 

I- Barcos que afundam por estarem superlotados (ex. Bateou Mouche); 

II- Casa noturna que pega fogo e morrem centenas de pessoas (ex. Boate Kiss); 

III- Prédios mal construídos que desabam (ex. Pallace II – Sergio Naya), ou pegam figo, ou que o elevador cai; 

IV- Depósitos clandestinos de gás ou de fogos de artifício que explodem em bairros residenciais; 

V- Viadutos ou pontes que desabam;  

VI- Eventos com superlotação onde ocorrem confusões e mortes. 

 Esses são alguns exemplos de casos onde ocorreram desastres previsíveis, graças a omissão, falta de fiscalização, corrupção e favorecimentos. 

Infelizmente, faz parte da nossa “cultura”. 

 2- Carnaval: Normal 

Prefeitura foi bem no que se refere ao carnaval.

Tanto no Posto de Monta, como na Praça da Poesia, havia organização e segurança para o público. 

Os desfiles tiveram alguns problemas técnicos, mas em geral, o carnaval não teve nenhuma ocorrência gravíssima, só os acontecimentos cotidianos (bebedeiras, desacatos, agressões etc.). 

 3- Problemas se tornando crônicos 

Mas, se o carnaval foi bem para a Prefeitura, outros setores têm sido desgastantes. 

O atraso nas obras públicas se tornou uma constante e há enormes críticas em relação a isso. 

As chuvas causaram várias inundações e prejuízos, nos mesmos lugares de sempre, o que mostra a ineficácia das medidas tomadas. 

Parte considerável da Guarda Civil Municipal se insurgiu publicamente contra a administração, reclamando sobre horas extras, salários etc. 

O trânsito está cada vez mais moroso e complicado. O serviço de transporte (ônibus circulares) está péssimo gerando revolta total dos usuários. 

 4- Projeto absurdo 

Prefeitura apresentou projeto na Câmara, que além de péssimo no mérito, nos parece inconstitucional pois tem redação genérica que se contradiz com o objetivo da Lei Orgânica (Constituição Municipal). 

 Vejam o texto: 

 Art.1º O Caput do artigo 156 da Lei Orgânica do Município de Bragança Paulista, passa vigorar com a seguinte redação: 

“Art.156. As Áreas Verdes, Sistema de Lazer e Recreio e Áreas Institucionais, assim destinadas por Leis, Decretos, Atos Normativos ou loteadores, por serem de interesse do meio ambiente sadio e da boa qualidade de vida da coletividade, não poderão ser alienados, cedidos ou transferidos para terceiros ou desafetados por Lei Municipal, exceto para implantação de programas habitacionais de interesse social, bem como para quaisquer obras para fins de interesse público do Município, de qualquer que seja a natureza, desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública.”    

 Art. 2º Esta Emenda à Lei Orgânica entra em vigor na data de sua publicação. 

 5- Projeto absurdo 

A partir do momento em que se dispõe sobre a importância do Meio Ambiente (áreas verdes, sistemas de lazer e recreio, e áreas institucionais), e que elas têm que ser preservadas, mas que quaisquer obras, de qualquer natureza, de interesse público podem ser feitas no local, é obvio que se eliminou o objetivo do artigo de lei. 

 6-Reclamação 

Muitas reclamações sobre pontos de prostituição no bairro do Lavapés, que geram brigas, barulho, sujeira, e outros ilícitos. Existe a liberdade de ir e vir, no entanto em locais onde há fluxo de pessoas, deve haver fiscalização e policiamento. 

 7-Juro que é verdade 

 10 anos atrás. Eu em casa sozinho, e de repente …. Começa a virar tudo…eu no quarto…fico zonzo o braço adormece e eu consigo (com dificuldade) ligar para o vizinho (Daniel) e ele me coloca no carro dele, que estava parado em frente a minha casa.  

Quando íamos sair em direção ao hospital (eu achava que era um infarto), o Daniel entrou na casa para pegar os meus documentos. Poucas pessoas vão até minha casa que fica no Jardim Santa Helena.  

Mas justo nessa hora…em que eu estava passando mal e sendo socorrido, sentado no carro do Daniel……estaciona, um carro em frente à minha casa, um cara me vê …e diz que precisa falar comigo urgente. 

Eu…estonteado, mal consigo explicar o meu estado, e o senhor não percebe, pede licença, senta no banco do motorista e começa a falar que precisa me contar como foi a morte do capitão Lamarca. Nisso o Daniel volta, hesita, vê um pouco da cena e diz: –AMIGO….EU TÔ LEVANDO ELE PRO HOSPITAL….SE VOCE NÃO SAIR LOGO DO CARRO …ELE VAI CONVERSAR PESSOALMENTE COM O LAMARCA.  

O cara saiu…se desculpou…e eu fui ao pronto socorro. Ah…era labirintite.   

*Marcus Valle é advogado, professor universitário e ex-vereador. 

Contato: [email protected]

A Coluna do Marcus Valle é publicada todos os sábados. Para conferir as colunas anteriores basta clicar aqui.

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