Escolas municipais de Bragança tem monitoramento e botão de pânico

Polícia Militar e Guarda Municipal reforçam policiamento preventivo e rondas escolares, enquanto Polícia Civil investiga casos pontuais de jovens que tentam espalhar pânico na população

Devido aos últimos episódios registrados em escolas em São Paulo e Blumenau e boatos de possíveis ataques que se espalharam por todo o país, nos últimos dias a Secretaria Municipal de Educação de Bragança Paulista divulgou uma nota ressaltando que tem investido “ininterruptamente na segurança de todas as escolas municipais da cidade”.

As 75 escolas municipais e as 4 unidades da Secretaria Municipal de Educação contam com câmeras de monitoramento. Ao todo, são 555 câmeras de monitoramento, 308 sensores, 75 leitores faciais, 74 centrais de alarme, 75 armazenamentos e 75 detectores de chamas.

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Essas câmeras operam 24 horas, nos 7 dias da semana e são acompanhadas simultaneamente pela Central de Controle Operacional (CCO), localizada na sede da Secretaria Municipal de Segurança e Defesa Civil. No local, há além de guardas municipais, policiais de prontidão.

Além disso, as escolas municipais também contam com o Botão de Pânico, similar a um pequeno controle remoto que, ao ser acionado, emite um alerta imediato para a Central de Monitoramento da Guarda Civil Municipal de Bragança Paulista avisando que algo perigoso está acontecendo na escola.

Reforço no policiamento

Na próxima sexta-feira (14), a Secretaria Municipal de Educação, realizará uma reunião com Gabinete de Gestão Integrada (GGI), para tratar sobre ações que aumentarão ainda mais a segurança nas escolas. A Diretoria Regional de Ensino, aliás, responsável pelas escolas estaduais, também tem um encontro agendado para segunda-feira (17) com os comandos das Forças de Segurança para tratar sobre 12 municípios da região.

Desde março de 2022, professores e funcionários das escolas estaduais recebem treinamentos sobre como agir.

A Polícia Militar já reforçou as rondas escolares bem como informou que está, assim como a Polícia Civil, monitorando as redes sociais. O reforço no policiamento acontece não só em Bragança Paulista, mas em todo o país.

Inteligência policial e tecnologia

Em entrevista o Em Pauta, o Delegado Seccional Sandro Montanari ressaltou que a Polícia Civil vem combatendo várias fakenews, mas o foco são em ações pontuais. “Diante de situações reais, concretas, como anúncio de ataques pré-determinados a DIG – Delegacia de Investigações Gerais age através de inteligência policial e tecnologia de informação. As equipes da Polícia Civil vem trabalhando para identificação das pessoas que fazem tais ameaças”, disse.

A maioria destas ameaças acontecem nas redes sociais e muitos dos jovens, acreditam que não serão descobertos. O delegado exemplificou, no entanto, que houve menores identificados em cidades como Bom Jesus dos Perdões, Atibaia, Amparo, Piracaia, entre outras.  “Adolescentes foram identificados e encaminhados ao Ministério Público da Infância e da Juventude”, acrescentou.

Ele também solicitou que ao ver a publicação de uma ameaça, o cidadão comunique imediatamente a polícia e não compartilhe as informações nas redes sociais.

Só no último final de semana, segundo dados do Ministério da Justiça, mais de 500 perfis nas redes sociais com apologia à violência nas escolas foram identificados.

Não dar visibilidade aos agressores

Não dar visibilidade aos agressores e controlar o compartilhamento de boatos é um grande desafio para as autoridades.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ressaltou durante coletiva na última segunda-feira (10) que “Não há razão para pânico em relação ao dia 20, ao dia 19 ou ao dia 21. O que há é uma necessidade de fortalecimento de mecanismos institucionais e aí me refiro aos governos, não só o Federal, mas estaduais, que comandam as polícias estaduais, as prefeituras. Enfatizo que neste momento é decisivo o comportamento das plataformas de tecnologia para que possamos ter uma prevenção geral”, esclareceu.

Ele já conversou com representantes do Facebook, Kwai, Tik Tok, WhatsApp, YouTube, Twitter e Google sobre a responsabilidade das plataformas digitais em evitar disseminação de conteúdos que façam apologia à violência nas escolas ou incitação a crimes.

Vale lembrar que com base em estudos de entidades médicas dos Estados Unidos como a Psychological Association e American Academy of Pediatrics que acompanham o assunto, a orientação é que a população em geral não compartilhe ataques já realizados ou boatos deles sob risco de incitar o chamado “efeito contágio” por outros potenciais agressores.

Canal de denúncia

Denúncias sobre ameaças de ataques podem ser feitas ao canal Escola Segura, criado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com SaferNet Brasil. As informações enviadas ao canal serão mantidas sob sigilo e não há identificação do denunciante.

Acesse o site para fazer uma denúncia. Em caso de emergência, a orientação é ligar para o 190 ou para a delegacia de polícia mais próxima.

Atibaia treina professores

Assim como em Bragança Paulista, em Atibaia a Prefeitura também divulgou uma nota informando que está realizando o treinamento com professores, coordenadores e demais colaboradores, aumentando as rondas em todas as escolas da cidade e realizando bloqueios nas escolas e arredores.

As medidas “visam tranquilizar a população e inibir qualquer possível investida contra as escolas de Atibaia, em um momento de tensão envolvendo instituições de todo país”, diz a nota. Em Atibaia, as escolas também têm o aplicativo de botão de pânico.

Guardas nas escolas de Itatiba

Em Itatiba, a partir desta quarta-feira, (12), cada unidade escolar da rede municipal contará com um Guarda Municipal dentro da escola. Em Itatiba, as escolas municipais também já contam com um sistema digital de acionamento imediato em caso de emergência.

Além disso, a Prefeitura ressaltou que promoverá o aumento das Rondas Escolares.

Homem é detido em Morungaba

Na manhã desta quarta-feira (12) durante a entrada dos alunos na EMEF Prof. Irineu Tobias, no bairro São Benedito, em Morungaba, um indivíduo de 19 anos se misturou aos alunos e pais e entrou na escola com uma faca.

Em nota, a Prefeitura divulgou que os pais perceberam a ação e imediatamente a PM foi acionada. Nenhuma criança foi atacada ou ferida pelo rapaz. Como as crianças ficaram desesperadas, no entanto, três alunos se feriram após quedas ao correr para tentar se proteger.

A Prefeitura de Morungaba optou por suspender as aulas em toda a Rede Municipal de ensino para reforçar a segurança de todas as unidades escolares.

Em nota, o prefeito Marco Antonio de Oliveira solicitou aos pais de crianças e jovens que estejam atentos aos seus filhos quanto ao conteúdo acessado nas redes sociais da internet.

Aproximação das crianças e adolescentes

Ouvida pela Agência Brasil, a psicopedagoga Ana Paula Barbosa orienta que diante dos acontecimentos pais e responsáveis devem se aproximar das crianças e observar aquilo que elas estão olhando ou ouvindo. “As notícias mais fortes devem ser evitadas”.

Ela enfatiza, entretanto, que o assunto não deve ser evitado porque as informações podem chegar deturpadas de outro lugar.

A professora defende que um momento como esse impõe que as unidades de ensino entendam que é preciso investir mais em programas de saúde mental para todos. “É hora de a escola rever alguns papéis. Não pode mais ser apenas um espaço conteudista de matemática, português, geografia”, disse.

Ou seja, a escola deve ser um espaço humano de desenvolvimento, de uma aprendizagem que vai muito além do que cai na prova.

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