Apoio da comunidade é o principal ativo da Santa Casa
*Por João José Marques
O Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista, como quase todos os outros 1.800 hospitais filantrópicos do Brasil, sofre há anos com o subfinanciamento e enfrenta persistentes problemas financeiros. Por isso, tem que contar com outros dispositivos variados para manter a sustentabilidade financeira e seguir oferecendo atendimento de qualidade para a população bragantina.
O principal é o apoio de toda a comunidade do município, que sempre esteve ao nosso lado na missão de cumprir o compromisso com os nossos pacientes, sobretudo aqueles que dependem da assistência pública, sempre subfinanciada por uma tabela do SUS defasada.
Essa defasagem também está sendo, em parte, minimizada pelos avanços que empreendemos na governança da instituição. Ganhamos eficiência e abrimos novas frentes de negócios, como a saúde suplementar que não para de crescer e proporcionar benefícios para toda a nossa operação, nas áreas pública ou privada.
Hoje, mais do que nunca, estamos fazendo mais e melhor com os recursos disponíveis, orientados por um planejamento sólido e baseado nas melhores práticas de gestão e na incorporação tecnológica estratégia, que gera valor de fato. Somos, portanto, um hospital moderno, produtivo e alinhado com as transformações da saúde.
Também nos beneficiamos das emendas parlamentares, que não são uma solução para o subfinanciamento público, mas oferecem alívio temporário bem-vindo ou subsídio para projetos pontuais. Neste caso, é importante esclarecer o que são as emendas e porque elas não oferecem solução permanente para o déficit financeiro na assistência pública.
As emendas acontecem quando, durante a análise do Orçamento Geral da União (do Estado ou Município), o Legislativo sugere remanejar, incluir ou cancelar verbas de acordo com o que consideram como necessário para o país. Dentro dessa prerrogativa, determinado parlamentar pode propor o envio de recursos para uma Santa Casa. Mas essa dotação, se aprovada, vem com regulamentação de uso.
Cerca de 80% das emendas têm utilização pré-definida, ou seja, só valem para algum investimento específico, como construir uma nova ala ou comprar um equipamento mais moderno. Neste caso, os recursos não podem ser empregados em outra coisa que não seja para aquele gasto.
A minoria, destinada para custeio, é bem inferior às necessidades reais e está sempre desatualizada pela morosidade e burocracia, características de todo o processo. Ainda assim, as emendas são um instrumento positivo, que continuamos solicitando e utilizando da melhor maneira, sempre respeitando as regras, inclusive com completa prestação de contas e transparência.
Apesar de tudo isso, o Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista está sempre em estado de alerta financeiro, com equilíbrio rigoroso entre receitas e despesas, e sempre buscando alternativas para o recorrente subfinanciamento do SUS. Mesmo considerando os incentivos e emendas, o déficit mensal é em torno de R$ 1 milhão. Nesse sentido, é fundamental ocorrer uma imediata correção da tabela SUS para ajustar os valores que as instituições recebem pelos serviços prestados à população e garantir que ela acompanhe a variação real dos custos dos procedimentos.
Contamos com o empenho da nossa equipe para fazer mais e melhor e, principalmente, com o incondicional apoio de todos os bragantinos, que sempre estiveram ao nosso lado na missão de oferecer assistência de qualidade à população do município e região. Juntos somos resilientes e vamos superar todos esses desafios.
*João José Marques, provedor do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista
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