Coluna do Tárcio Cacossi e a surpresa do Brasileirão

Coluna do Tárcio Cacossi e a surpresa do Brasileirão

*Por Tárcio Cacossi

A SURPRESA DO CAMPEONATO 

 Em meio a um Campeonato Brasileiro extremamente competitivo e com um nível de jogo e profissionalismo cada vez mais altos, o Red Bull Bragantino, depois de um 2024 desastroso em que por pouco não foi rebaixado, mais uma vez se destaca e supera, até aqui nos números, o time de 2023, que fez a melhor campanha da história do clube em pontos corridos. 

Naquele ano, o Braga terminou a competição na 6ª colocação, com 62 pontos, média de 1,63 pontos por jogo. Após a 11ª rodada, a equipe, que ocupava o 9º lugar, tinha 17 pontos, média de 1,54. Já em 2025, com o mesmo número de jogos, o Massa Bruta está na 3ª posição, com 23 pontos, média de 2,09 pontos por jogo.  

Com uma campanha ainda mais fora da curva do que a melhor de sua história e um investimento em jogadores bem menor que a maioria dos adversários, sem dúvidas o Braga é a maior surpresa do campeonato até aqui.  

Isso porque, muito mais do que investir em jogadores, apostou na construção de uma equipe e reforços pontuais, que se encaixaram como uma luva como, por exemplo, o zagueiro Guzmán Rodríguez, o volante Gabriel e os atacantes Lucas Barbosa e Pitta. Atletas que vieram com muito comprometimento e somaram forças a uma equipe que reagiu de uma forma impressionante no final do ano passado após estar fadada ao rebaixamento. 

O técnico Fernando Seabra, após um Campeonato Paulista irregular, como era de se esperar pela falta de pré-temporada no futebol brasileiro devido ao inchaço do calendário estabelecido pela CBF e federações, com a complacência dos dirigentes de clubes, aos poucos foi encaixando as peças e criando uma solidez ao ponto de a equipe conseguir se sobressair, diante de situações extremamente desafiadores, como aconteceu no último sábado contra o Vasco, no Rio de Janeiro. O zagueiro Pedro Henrique, se contundiu no aquecimento. Apenas com o jovem Palacios, ainda se adaptando ao modelo de jogo do time, no banco de reservas, coube ao lateral esquerdo Guilherme a missão de ser o substituto, com Juninho Capixaba passando para a zaga. E logo com 2 minutos de jogo, o predestinado Guilherme foi quem abriu o placar da vitória por 2 a 0. O segundo gol foi marcado por Pitta, escolhido para a vaga de Lucas Barbosa. Exemplos da força de um grupo e de um técnico que tem conseguido extrair o máximo dos jogadores.  

 POR FALAR EM CALENDÁRIO 

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o ex-centroavante alemão Mário Gomez, diretor técnico global da Red Bull Futebol, criticou o excessivo número de jogos dos principais clubes brasileiros. “É algo maluco fazer isso com os jogadores. É criminoso, para ser honesto”, disse.

De fato, é preciso que se tenha coragem de tocar nessa ferida do futebol brasileiro. Diminuir o número de jogos, nos estaduais, dos times que disputam as divisões nacionais, principalmente os das séries A e B, que têm 38 rodadas, parece ser o caminho em que haveria menos perdas comerciais. É o que vem sendo ventilado pela nova gestão da CBF. Alterar o Brasileirão seria uma loucura no ponto de vista técnico e financeiro. 

BIS ZUM NÄCHSTEN MAL 

A vinda do RB Leipzig para o Brasil foi uma grande sacada, que impulsionou os dois clubes da Red Bull. 

Enquanto o clube alemão se tornou simpático no país por diversas ações, muito além do amistoso contra o Santos, de Neymar, o Red Bull Bragantino pôde divulgar mais o Estádio Municipal Cícero de Souza Marques – e consequentemente que terá uma moderna arena futuramente – para o Brasil e o exterior, assim como no amistoso da seleção brasileira feminina contra o Japão no próximo dia 2. 

O bom momento do Massa Bruta também favoreceu a interação do clube com essa turnê de seu “primo” alemão. 

E o mais importante foi a conexão do craque holandês Xavi Simons e cia. com as crianças. 

Ações como essas são fundamentais para cativar o público e a aposta da Red Bull, ao se tornar proprietária do clube de Bragança Paulista, em ter uma torcida, vai se confirmando como certeira. 

Afinal, gostar do Leipzig é gostar do Bragantino e vice-versa, mas acima de tudo gostar da Red Bull. 

Bis zum nächsten Mal (Até a próxima) RB Leipzig! 

 

A VOLTA POR CIMA DE LUIS ENRIQUE PODERIA SER COM A SELEÇÃO 

Muito além de ter superado a morte da filha de uma maneira exemplar, digna de filme, como tem repercutido mundialmente após a conquista do título da Champions League pelo Paris Saint Germain, o técnico espanhol Luis Enrique merece todas as reverências pela identidade de jogo apresentada por sua equipe. Com muita posse de bola, jogo dominante e uma enorme dedicação, o PSG fez por merecer a maior goleada de uma final na principal competição de clubes do mundo, além de ter superado grandes desafios ao longo desta edição. 

Com esse estilo de jogo, já demonstrado nos tempos de Barcelona, onde conquistou o mesmo título dez anos atrás, na época do famoso trio MSN (Messi, Neymar e Suarez), bem como na seleção espanhola, Luis Enrique poderia ser uma excelente alternativa após sua saída da seleção espanhola para acabar com a palidez da seleção brasileira desde a Copa de 2002, diante da impossibilidade naquele momento de trazer o tão desejado Carlo Ancelotti bem como Pep Guardiola, técnicos mais consagrados da atualidade. 

No entanto, optou-se por técnicos tampões e/ou muito aquém do que se espera para uma seleção brasileira. Nesse período, enquanto a CBF aguardava por Ancelotti, Luis Henrique foi a aposta do PSG para uma total reformulação, que envolvia a saída de estrelas que não conseguiram trazer o tão sonhado título europeu, incluindo Neymar, para a criação de um time voluntarioso e com fome de bola, literalmente. 

Com essa conquista, da maneira como foi construída, Luis Enrique muda de patamar e entra no rol de apenas sete técnicos que conquistaram duas vezes a Champions. Em atividade, além de Ancelotti e Guardiola, apenas o português José Mourinho, atualmente no Fenerbahçe, da Turquia, faz parte desse grupo seleto, mas sua última conquista foi em 2010, também a última da Inter de Milão, derrotada nesta decisão pelo PSG. 

Quanto à seleção, certamente vai melhorar com Ancelotti. Mas ainda que venha um título não será de uma maneira encantadora como joga o PSG e como gostam os brasileiros. Primeiro porque Ancelotti, apesar de extremamente vencedor, tem um estilo mais pragmático, e segundo porque não há tempo para isso.

*Tárcio Cacossi, é jornalista, com MBA em Gestão e Marketing Esportivo. 

Clique aqui para conferir as colunas anteriores de Tárcio Cacossi.

 

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