Hospitais de Bragança participam de encontro sobre contaminação da COVID-19 pelo ar

Hospitais de Bragança participam de encontro sobre contaminação da COVID-19 pelo ar

O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de Piracicaba realizaram na tarde de ontem, 3, uma reunião a fim de debater os riscos de contágio da COVID-19 em ambientes fechados e a importância do tratamento do ar.

O encontro foi realizado de forma e contou com a participação de representantes de hospitais da região. De Bragança Paulista, participaram da atividade representantes do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Bragança Paulista, Hospital Universitário São Francisco e Hospital Bragantino. Além disso, também participaram da reunião, representantes do hospital Santa Casa Anna Cintra e Beneficência Portuguesa, ambos de Amparo.

A reunião contou ainda com representantes de hospitais de Americana, Araras, Campinas, Indaiatuba, Jundiaí, Leme, Limeira, Piracicaba, Rio Claro e Santa Bárbara D´oeste.

A ideia foi capacitar os gestores sobre boas práticas no uso de equipamentos de climatização, a fim de evitar a presença do coronavírus no ar, protegendo trabalhadores, pacientes e acompanhantes de um possível contágio.

O vídeo contendo a gravação da audiência está disponível no canal do MPT Campinas no YouTube, no link: youtube.com/mptcampinas.4

RISCOS DE CONTAMINAÇÃO

O médico Ildeberto Muniz de Almeida, docente e pesquisador do Departamento de Saúde Pública da UNESP Botucatu, foi um dos convidados para expor o tema “Covid em ambiente hospitalar e a importância do tratamento do ar”.

Almeida iniciou sua exposição chamando atenção para os principais caminhos de transmissão da covid-19, especialmente por meio de gotícolas e aerossóis (micropartículas provenientes da tosse, espirro e fala), o que possibilita o contágio a partir dos sistemas de climatização nos ambientes hospitalares, uma vez que tais micropartículas se mantêm suspensas no ar por longos períodos, a depender de seu diâmetro.

Citando recente estudo publicado pela revista Nature, o expositor informou que, apesar da pesquisa ter concluído pelo baixo risco de transmissão proveniente do contato de superfície, existem dúvidas sobre este caminho de contágio na atividade de saúde. “O trabalho na área da saúde envolve o paciente sintomático, certamente aumentando o risco da contaminação. Mesmo sendo um contato de curta duração, é um contato direto, envolvendo outras possibilidades de interações. Nesse ambiente há, inclusive, a possibilidade de os sistemas de ventilação levarem o vírus para locais distantes de onde está o paciente”, apontou.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a transmissão da covid-19 por aerossóis, especialmente em locais em que não há uma ventilação adequada.

VENTILAÇÃO

Almeida citou a importância de se considerar a disponibilidade da ventilação natural em ambientes fechados, para que o ar interior seja constantemente renovado. Caso este tipo de ventilação seja insuficiente, se faz necessária a adoção de sistemas individuais de ventilação para minimizar a possibilidade de contágio da COVID-19, contendo filtração e componentes eficazes de controle, para filtrar e acondicionar o ar respirado pelos profissionais de saúde, pacientes e acompanhantes. “Quando a única fonte de substituição de ar vem de portas e janelas, os hospitais devem considerar a instalação de sistemas de injeção de ar, com fluxo próximo ao solo, com a possibilidade de exaustão, sem que o ar tenha contato com outro trabalhador”, pontuou.

Embasado em estudos científicos, o palestrante recomendou aos presentes que mantenham os ventiladores de teto desligados durante a pandemia, uma vez que eles criam fluxos de ar em volta dos trabalhadores e possibilitam o retorno de partículas virais em direção à zona respiratória.

Encerrando sua exposição, Almeida mostrou um estudo realizado em um hospital vertical que demonstrou a presença de carga viral em amostras coletadas de tetos e superfícies dos dutos centrais de ar condicionado, bem como dos filtros de exaustão central e filtros adjacentes. “a detecção de SARS-CoV-2 no sistema de ventilação central do hospital, distante da área de pacientes, indica que o vírus pode ser transportado por longas distâncias e que a transmissão do vírus via aerossóis deve ser levada em consideração”, afirmou.

CUIDADOS COM A CLIMATIZAÇÃO

O engenheiro e professor da PUC-SP, Lúcio Flávio de Magalhães Brito, deu seu ponto de vista técnico a respeito dos riscos da falta de cuidados na climatização do ambiente hospitalar. Na exposição do tema “Como desenvolver boas práticas no tratamento de ar em ambiente hospitalar?”, ele observou, primeiramente, a importância de se reconhecer que o sistema de climatização é uma fonte potencial de risco. Depois disso, implementar medidas de controle técnicas, administrativas e econômicas. “É importante conhecer os mecanismos de ação. O hospital tem que cumprir inúmeras leis e normas, mas os profissionais que cuidam desse sistema não têm apoio suficiente. É importante que eles tenham esse apoio para antecipar o trabalho”, disse.

Brito chamou atenção para a complexidade e peculiaridade de cada instalação hospitalar, sendo que cada estrutura predial nunca é igual à outra. “As pessoas que trabalham com sistemas de climatização devem ter um grau de especialização, uma vez que existe a responsabilidade técnica. O aparelho de split, por exemplo, ficou barato ao longo dos anos, e as pessoas aprendem a instalar, mas não têm conhecimento técnico, são meras instaladoras. O hospital, ao contrário, tem que demonstrar que conhece o equipamento”, alertou.

O profissional ainda explicou da importância de se trocar filtros de ar, mas nunca considerando a troca temporal, mas a troca a partir da medição da pressão do ar (quanto maior, pior), além da necessidade de os hospitais elaborarem planos para manter um sistema/equipe que proporcionem a boa qualidade do ar, mesmo que não haja condições financeiras imediatas para tal. “Um lugar que existe para oferecer saúde não pode ser responsável por adoecer as pessoas”, concluiu.

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