OAB apura declaração de xenofobia de advogada de Bragança

OAB apura declaração de xenofobia de advogada de Bragança

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção de Bragança Paulista iniciará uma apuração com relação a uma mensagem de teor xenófobo contra nordestinos, que teria sido praticado pela advogada, professora universitária e presidente da Comissão de Ação Social e Cidadania da OAB de Bragança Paulista, Virgínia Anara Almeida Silva Rodrigues.

A xenofobia é a aversão e o preconceito contra pessoas estrangeiras ou de culturas diferentes.

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De acordo com imagens que passaram a circular no WhatsApp, uma mensagem atribuída a Virgínia diz: “Não conheço o Nordeste e nem quero conhecer. Deus me livre desse lugar de gente horrorosa. Ignorantes”.

A mensagem seria um desdobramento relacionado ao resultado do 1° turno das Eleições ocorridas no domingo (2) e, conforme apurado pelo Em Pauta, teria ocorrido em um grupo de WhatsApp de professores universitários e advogados.

APURAÇÃO DA OAB

O Em Pauta entrou em contato com o presidente da OAB de Bragança Paulista, Gustavo Hermenegildo de Oliveira Risi, que confirmou a apuração. “Agora que a OAB tomou conhecimento do caso, vai apurar através da Comissão de Fiscalização e da própria diretoria, para tomar as devidas providências”, disse.

“A Ordem entende que o ambiente político hoje está polarizado e a advocacia tem um papel importante na pacificação deste ambiente. Sempre prestigiou o diálogo, o respeito às divergências, mas também respeita o preceito da ampla defesa e do devido processo legal”, complementou.

De acordo com Risi, a depender da apuração dos fatos, o caso pode ser levado à Comissão de Ética para avaliação do tribunal de ética, que tem atuação independente.

MOMENTO DE RAIVA

O Em Pauta entrou em contato por telefone com a advogada Virgínia Almeida, que confirmou a autoria das mensagens. “Na segunda-feira, foi aquele alvoroço da Eleição e alguém postou alguma coisa do posicionamento do Nordeste. E veio um monte de comentários de professores e de advogados, não fui só eu que comentei. Eu realmente falei e me retratei logo depois”, justificou.

“Não tenho nada contra o Nordeste e nem contra ninguém, foi aquele impulso na hora da publicação, de todo material publicado antes da minha fala. Um texto fora de contexto vira pretexto”, afirmou a advogada.

Em todo momento da ligação, a advogada fez questão de reforçar que houve outras mensagens com conteúdo xenófobo e ela estava se pronunciando dentro deste contexto. Até a publicação desta reportagem, todavia, não obtivemos os outros trechos supostamente redigidos por outras pessoas. A advogada se comprometeu em apresentar o conteúdo completo posteriormente, com ata notarial.

“Foi uma expressão de raiva do momento, que depois me retratei. Na hora de um desabafo, falei uma bobagem e me retratei logo depois”, disse.

“Não sou uma pessoa preconceituosa, quanto mais com as pessoas do Nordeste. Foi um momento de emoção em um grupo de amigos e professores que falei uma besteira. Não retrata minha posição de cristã e filha de Deus, que ama o próximo”, concluiu.

USF E FAEX SE PRONUNCIAM

Virgínia Anara Almeida Silva Rodrigues é professora universitária na Universidade São Francisco (USF) e na Faculdade de Extrema (FAEX). Por meio de nota, as duas Instituições de Ensino também se pronunciaram.

“A Universidade São Francisco informa que está apurando os fatos relatados para que possa, eventualmente, adotar as medidas que lhe compete. Ressalta-se que a princípio o episódio não ocorreu em nenhum canal oficial da Universidade e/ou em suas dependências. Por fim, a USF reforça que repudia e não compactua com quaisquer atos que atentem contra as liberdades, direitos e garantias constitucionais, assim como respeita todas as origens, credos e culturas que compõem a sociedade brasileira”, diz a universidade de Bragança Paulista.

Já a Faculdade de Extrema, se pronunciou por meio do seu diretor geral: “Eu, Marco Antônio de Araújo, Diretor Geral da Faculdade Sociais Aplicadas de Extrema esclareço que a Instituição em mais de 20 anos de atividades pedagógicas e sociais voltadas à formação de profissionais competentes para o mercado de trabalho e para a cidadania em Extrema e região, sempre se posicionou e continuará opositora a toda e qualquer forma de discriminação. Com relação ao suposto caso informado, esclarecemos que sem provas concretas e legalmente aceitas a Instituição não pode fazer juízo de valor antes da confirmação da veracidade dos fatos em pauta”.

CASO EM MINAS GERAIS

Também após o pleito eleitoral do último domingo, em Uberlândia-MG, houve o registro de declaração de xenofobia praticado por uma advogada.

A vice-presidente da Comissão da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil em Uberlândia, Flavia Aparecida Moraes, publicou um vídeo em uma rede social afirmando que “não vai mais alimentar quem vive de migalhas”, se referindo aos moradores do Nordeste.

Ela e outras duas mulheres vestidas com as cores verde e amarela, fazem um brinde enquanto deixam claro que não irão mais àquela região turística do Brasil e que preferem gastar o dinheiro no Sul e Sudeste ou até fora do país.

A OAB de Minas Gerais informou ao G1 que vai tomar as providências cabíveis no âmbito ético disciplinar.

EM 2010, JOVEM DE BRAGANÇA AFIRMOU QUE “NORDESTINO NÃO É GENTE”

Em outubro de 2010, antes mesmo do termo xenofobia ser popular, como é hoje, um fato lamentável levou Bragança Paulista ao cenário nacional, devido ao preconceito de uma moradora do município.

Mayara Penteado Petruso, na época com 21 anos e estudante de direito de uma faculdade particular em São Paulo publicou na internet (Facebook e Twitter), após a vitória de Dilma Rousseff, que ““Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”.

Ela acabou condenada a 1 ano, 5 meses e 15 dias de prisão, mas a pena foi convertida em prestação de serviço comunitário e pagamento de multa, em processo criminal aberto pela Justiça Federal a pedido do Ministério Público Federal.

Desde então, abandonou as mídias sociais.


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