Pesquisa revela que população acredita que policiais estão sendo caçados
A maior parte dos brasileiros (64%) acredita que os policiais são caçados pelos criminosos, de acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). que foi constituído em março de 2006 como uma organização não-governamental, apartidária, e sem fins lucrativos, cujo objetivo é construir um ambiente de referência e cooperação técnica na área de atividade policial e na gestão de segurança pública em todo o País.
No Sudeste 66% dos entrevistados tem a percepção de que existe caça aos policiais. No Norte do país a porcentagem chega a 67% e no Centro-Oeste a 69%.
Vale lembrar que em 2015, 393 policiais foram mortos.
Segundo a pesquisa, entre as famílias com renda mensal superior a dez salários mínimos, 72% acredita nesta mesma percepção.
Os números, alarmantes, integram o 10° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado nesta quinta-feira dia 3 de novembro.
Segundo o Datafolha, 63% dos brasileiros acreditam que as polícias não têm boas condições de trabalho, contudo, 52% afirmam que a polícia civil faz um bom trabalho esclarecendo crimes e 50%, que a polícia militar garante a segurança da população.
Ou seja, mesmo com problemas, segundo as pesquisas as polícias brasileiras são reconhecidas como essenciais pela população, entretanto, a forma como elas atuam não é bem avaliada pela maioria.
De acordo com a pesquisa, 70% da população sente que as polícias cometem excessos de violência no exercício da função.
Entre os jovens de 16 a 24 anos de idade, essa sensação é ainda mais nítida, sedo que 75% deles acreditam que os policiais exageram no uso da violência.
A pesquisa ainda aponta que mais da metade dos brasileiros, 53%, têm medo de ser vítima de violência por parte da polícia civil e 59% temem ser agredidos por policiais militares.
O diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) ressalta que o fato de mais brasileiros terem medo de ser agredidos pelas polícias do que aqueles que consideram o seu trabalho eficiente é um forte indicativo de que é necessário repensar o modelo de atuação vigente, aproximando os policiais da população.
“Tanto para que a população se sinta mais segura, quanto para que o policial se sinta mais valorizado e não precise, por exemplo, esconder a farda para voltar do trabalho para casa, com medo de ser assassinado. Os dados mostram que falar deste quadro não é, como muitos defendem, falar mal da polícia, mas sim valorizar o policial e proteger sua vida.”
Ainda de acordo com dados do Datafolha, 57% dos brasileiros acreditam que “bandido bom é bandido morto”. Este índice inclusive aumenta para 62% em municípios com menos de 50 mil habitantes.
Enquanto a taxa de mortes decorrentes de intervenção policial no Brasil é de 1,6 para cada grupo de 100 mil habitantes, em Honduras, país mais violento do mundo, ela é de 1,2 mortes por 100 mil habitantes e, na África do Sul, essa mesma taxa é de 1,1.
“Ainda acreditamos que a violência do criminoso justifica a violência do Estado e caímos na armadilha de fazer uso da mesma linguagem do crime, confundindo papéis e erodindo a confiança nas instituições”, diz Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP. “Precisamos ser mais inteligentes do que o crime.”