Scuro faz balanço da temporada: “todos precisam se responsabilizar”
Em uma semana conturbada para o Red Bull Bragantino, o diretor executivo do clube, Thiago Scuro, concedeu uma entrevista aos jornalistas de Bragança Paulista, que estavam presentes no estádio Gran Parque Central, em Montevidéu, após a eliminação que ainda traz desdobramentos na cidade e no dia a dia do clube-empresa.
“Há um sentimento geral de decepção, porque muita expectativa foi criada por nós também, acerca das oportunidades que essa classificação dentro da Libertadores nos concederia ou até mesmo um eventual acesso a Sul-Americana, ficando em terceiro lugar e no final fica uma experiência ruim neste sentido”, resume Thiago Scuro, sobre o seu sentimento sobre este momento.
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Em entrevista aos jornalistas Ana Oliveira e Filipe Granado, do Em Pauta; Alessandro Sabella, da FM 102 e Rodrigo Seixas, do Correio de Atibaia, Scuro disse que estes percalços fazem parte de uma construção a médio e longo prazo.
“É a construção do clube, para chegarmos onde nós projetamos que esse Red Bull Bragantino pode chegar. Nós vamos ter que passar por situações como essas, como já vimos em outras ocasiões e utilizar o aprendizado deste processo, melhorar tudo que a gente faz, pra que a gente possa retomar a competição no próximo ano e ter um desfecho melhor do que este ano”, disse.
ALGO INSANO
Quando perguntado sobre o perfil do elenco e eventuais contratações na janela de transferências de julho, Scuro contextualizou sobre a rotina insana que os atletas têm vivenciado.
“É o Campeonato Brasileiro mais equilibrado desde o início dos pontos corridos e este ano temos o agravante não do número de competições, mas do intervalo entre os jogos, é inédito. Essa sequência de jogos acumulados a cada dois ou três dias é algo inédito, é algo insano, que o futebol brasileiro precisa sentar e conversar. Não é possível produzir um jogo de qualidade com esse modelo de competição”, explicou.
CONTRATAÇÕES
Sobre as possíveis contratações, Scuro anunciou que estas devem sim acontecer, assim como já aconteceram em outras oportunidades, em outros momentos. “Em todas as janelas que tivemos nós fizemos contratações que visavam melhorar coisas que a gente tinha, dentro da nossa avaliação de necessidade no elenco e isso está previsto para ser feito novamente na janela de julho”, confirmou.
“É um projeto muito ambicioso para tornar o clube relevante dentro do nosso mercado e isso inclui investimento em jogadores, que a gente pretende fazer a um nível muito bom agora no mercado de julho”, afirmou.
EMPRÉSTIMOS E VENDAS ?
Atletas também devem ser liberados, via venda ou empréstimo, para darem lugar a outros jogadores. “Isso deve ocorrer, é um processo natural, de atletas que muitas vezes não conseguem a adaptação que a gente busca. Eu acho que a grande diferença do que o brasileiro está habituado é o tempo, são jogadores jovens e a gente busca dar um tempo maior em alguns casos, para ver como é essa adaptação. Em alguns casos isso funciona bem e em outros não”, adiantou o diretor executivo do Red Bull Bragantino.
ATLETAS JOVENS E A RETOMADA DA CONFIANÇA
Olhando em frente, Scuro entende que o ambiente do clube e também na cidade são essenciais para a retomada da boa fase. “Primeiro passo é gerar segurança para o ambiente e para eles, gerar confiança. Nós já esperávamos uma dificuldade maior na competição comparado com o ano passado em razão da volta do público, isso faz diferença, ainda mais para jogadores jovens. Nada disso justifica o resultado, são jovens talentosos que já trouxeram alegria para nós e vão trazer ainda mais”.
NÃO SOMOS MAIS DO MESMO
“Quando eu falo do mais do mesmo é sobre criar um ambiente hostil dentro do clube, o torcedor criar um ambiente de medo dentro da cidade ou um clube que vai trocar de treinador três ou quatro vezes por temporada. Esse modelo não se sustenta. É meu papel ter esta visão técnica e pragmática e não do torcedor e fica o meu respeito ao sentimento do torcedor”, disse Scuro.
O ambiente favorável passa pela divisão das responsabilidades, pelos resultados não alcançados. “A verdade é que são praticamente dois anos só de sucesso e todo mundo é pai do sucesso. Agora é o momento em que todos precisam se responsabilizar pelo fracasso. Eu, treinador, comissão técnica, atletas, tanto faz quanto cada atleta atuou, cada um precisa assumir essa responsabilidade e se tem dúvida sobre o extracampo, que comece a cuidar melhor, se tem dúvida sobre a qualidade dos treinamentos, que comece a melhorar isto, o descanso, a alimentação”, disse Scuro, que fez um pedido aos torcedores do Massa Bruta: “Acredite no que o clube acredita, nestes valores morais, na construção de um clube a médio e longo prazo, porque é muito fácil nós nos tornarmos mais do mesmo e essa não é a ideia do Red Bull Bragantino desde o início”.
LESÕES E DESFALQUES
Além dos desfalques por causa da COVID-19, o treinador Maurício Barbieri sofreu para escalar a equipe em muitos jogos, devido aos problemas de lesões diversas nos jogadores. E de acordo com Scuro, este problema não é uma exclusividade do Red Bull Bragantino.
“Nós trabalhamos a área médica muito com histórico de mercado e comparação com outros clubes. Quando a gente olha o Red Bull Bragantino comparado com outros clubes da Série A, eu digo que estamos até um pouco abaixo desta média de lesões. Só que estão todos muito acima do habitual e temos utilizado estes dados para compartilhar com a CBF e demonstrar que o atleta não tem saúde para desempenhar o melhor dentro desse modelo”, contou.
“Mesmo rodando os elencos que é o que todo mundo tem feito, ainda não ainda somos um clube preparado para rodar o elenco e manter o mesmo nível de desempenho, somente um ou dois clubes estão neste nível”, complementou.
UMA BASE FORTE
O time Sub-23 do Red Bull Bragantino teve uma alteração em seu comando. Saiu Vinícius Munhoz e chegou Fábio Matias, que veio das categorias de base do Flamengo e inclusive já foi campeão da Copa SP, principal torneio de futebol de base do país.
Em sua entrevista, Scuro explicou como o projeto do Sub-23 traz ganhos para o profissional. “É essencial que o nível da base seja elevado e a forma de acelerar isto é a implantação do plano que nós desenhamos a algum tempo, com profissionais que atuaram nas principais bases nos últimos anos. Estamos muito agressivos no mercado, buscando jogadores entre 15 a 18 anos e eu não tenho dúvidas que logo logo veremos o reflexo disso na equipe profissional, que é o que vai possibilitar um nível de qualidade maior quando a gente tiver um monte de jogos e competições pela frente”, contou.
FUTEBOL FEMININO
Dono da pior campanha do Campeonato Brasileiro da Série A, o futebol feminino do Red Bull Bragantino não ficou de fora do balanço do diretor executivo.
“O feminino vivenciou uma situação muito parecida com o masculino quando venceu a Série B. As coisas aconteceram muito rápido, a Camilla Orlando (atualmente na seleção dos Emirados Árabes) desenvolveu um trabalho muito bom no clube. E no futebol feminino, a estruturação fica muito mais em cima do treinador, do que com o clube”, explicou.
“Ainda é um mercado em construção e em desenvolvimento. A Rosana (atual treinadora) vem fazendo um ótimo trabalho no dia a dia e infelizmente os resultados não comprovam isto. Da mesma forma que nós passamos esse período com o masculino, estamos pagando o preço pra passar com o feminino. A mudança de comando técnico e de algumas ideias talvez seja a principal explicação pra gente ter esse início tão abaixo do que a gente esperava também”, finalizou Scuro.
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