Turistas de Bragança relatam primeiros dias de chuvas no RS

Turistas de Bragança relatam primeiros dias de chuvas no RS

No fim de abril, quatro amigas partiram de Bragança Paulista para percorrer os Caminhos de Caravaggio  –  um roteiro de peregrinação que une as cidades de Canela a Farroupilha, que fica na Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul. A expectativa era alta, além de apreciar a natureza exuberante da região, as amigas buscavam imersão na cultura local, gastronomia e história, além de momentos de reflexão espiritual.

Os Caminhos de Caravaggio, possuem cerca de 200 km e passam pelos municípios de Canela, Gramado, Nova Petrópolis, Caxias do sul e Farroupilha.

O grupo iniciou a caminhada no dia 23 de abril, com trechos entre 20 e 30 km por dia. A cada passo, deslumbravam-se com a beleza da Serra Gaúcha, descobrindo paisagens, e a rica cultura italiana e alemã da região. No entanto, no sexto dia, a aventura teve uma reviravolta inesperada.

Em Nova Petrópolis, no dia 29 de abril, a chuva começou a cair com força incomum. Ninguém imaginava que ali começava uma das maiores tragédias climáticas do Estado e do país. A apreensão tomou conta das caminhantes, que logo perceberam que com a intensidade das chuvas, elas não poderiam continuar a jornada. Dias se passaram, e as notícias se tornavam cada vez mais preocupantes, barreiras nas estradas, inundações e a impossibilidade de seguir em frente.

As caminhantes, isoladas em uma pousada, se depararam com a catástrofe das inundações que assolavam o Rio Grande do Sul. Apesar da frustração de ver o plano da peregrinação dar errado, o grupo manteve a calma e o otimismo. Agradeceram a hospitalidade dos locais que as acolheram e se dedicaram a manter contato com familiares e amigos que se preocupavam com a situação.

Foi então, quando o Sr. Clóvis, proprietário da pousada que as acolheu, se propôs a ajudá-las a retornar para casa o mais rápido possível. No dia 3 de maio, com as informações atualizadas sobre as condições das estradas, o Sr. Clóvis as levou até Novo Hamburgo, onde embarcaram em um trem para Porto Alegre. A jornada de trem foi marcada pela tensão, pois o sistema de comunicação anunciava que seria a última viagem devido ao aumento do nível das águas.

Já no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, a situação era caótica, com voos cancelados e pessoas desesperadas. Com a ajuda de outras pessoas de Bragança Paulista, que estavam em situação semelhante, elas conseguiram vagas em uma van que seguia para Florianópolis. E assim, após uma viagem de 6 horas entre Porto Alegre e Florianópolis, finalmente conseguiram embarcar para São Paulo na manhã seguinte.

O Em Pauta conversou com Marina Fumi Hashimoto Leme, de 61 anos, que contou que más notícias chegaram até ela e suas amigas assim que deixaram o aeroporto. “Logo após nossa saída, descobrimos que a água invadiu o aeroporto e foi muito triste ver as imagens”, disse.

Apesar do alívio de conseguir chegar sã e salva em casa, Marina se mostrou sentida com a situação do estado. “Ficamos felizes por estar voltando para casa e tristes, pois parte do nosso coração ficou lá no Rio Grande do Sul. Conhecemos pessoas maravilhosas e o povo gaúcho é muito receptivo”, contou.

As caminhantes, que partiram em busca de união com a natureza e reflexão espiritual, retornaram às pressas com uma história marcante de superação e gratidão. “Essa experiência nos tocou profundamente, pois nos mostrou o quanto fomos protegidas o tempo todo. Só temos que agradecer a Deus e continuar orando e ajudando o estado do Rio Grande do Sul que vai precisar de muito tempo para reestabelecer” declara Marina.

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