Coluna do Marcus Valle: regras e normas devem valer para todos!

Coluna do Marcus Valle: regras e normas devem valer para todos!

*Por Marcus Valle

 

A lei é para todos

Regras e normas devem valer para todos.

Não podem ser seletivas, tipo: -“aos amigos, tudo, aos inimigos, e lei”.

Mas em nosso município o trânsito de veículos é moroso, confuso e até perigoso. Radares, excesso de “zona azul” e falta de estacionamentos, geram muitas e muitas multas:

Mas, na 3ª feira, o grupo político da atual administração (Chedid) fez uma grande reunião eleitoral, e os participantes (provavelmente até servidores municipais) estacionaram seus veículos em locais não permitidos inclusive sob as placas de “proibido”.

O fato foi amplamente divulgado, já que muitos cidadãos (e imprensa) fotografaram o evento, e mostraram os carros estacionados ilegalmente.

Já em anos anteriores, na inauguração de um “comitê eleitoral” do deputado Edmir, todos ouviram muitos rojões disparados nas proximidades. O fato foi denunciado (é proibido soltura de fogos barulhentos) mas os responsáveis pelo comitê negaram a autoria e atribuíram o ato a possível sabotagem de adversários. Nesse caso não foi devidamente comprovada a autoria.

Mas esse de terça-feira é induvidoso.

Praça: Reforma

Tivemos oportunidade de ver (e fotografar) as obras de reforma da Praça Raul Leme (feita em trechos) e observamos que elas estão vagarosas, devendo atrasar. O piso foi retirado, o solo preparado, mas dificilmente o prazo previsto será cumprido.

É uma obra que muitos julgam desnecessária (discute-se o mérito), e os atrasos são danosos a todos comerciantes e prestadores de serviços das proximidades. 

Eleições em Bragança

Essa inegável (e prejudicial) polarização política entre Lulistas e Bolsonaristas pode influir nas eleições municipais. Em alguns municípios bastante, em outros menos.

Na capital do estado, é evidente que a influência é maior, as eleições são mais ideológicas. 

Em Bragança, município de médio porte (entre 150 e 200 mil habitantes) observa-se que a influência da polarização nacional será menor.

Aqui é Grupo Chedid (da situação) versus oposição (ainda dividida, mas com possibilidade de união).

O Grupo Chedid tem uma verdadeira miscelânea de 11 partidos de esquerda – centro e direita. Apoiaram os Chedid’s o PDT local (de Ciro), o PSB (de Alckmin), vários partidos do centro, e ao que tudo indica até o PL (de Waldemar Costa Neto, onde está filiado o ex-presidente Bolsonaro).

Concorrendo com eles há aqui vários partidos de ideologias diferentes polarizadas no Chedid x oposição à situação local.

Os eventuais candidatos a prefeito (mais expressivos) querem ter canais tanto no governo estadual como no federal, o que seria o ideal para obter verbas e obras para o Município.

Saúde Mental: Agravando

É fato notório que após a pandemia de Covid (com isolamentos sociais etc.) ao invés de haver uma maior empatia dos seres humanos, grande parte da sociedade ficou mais individualista, menos solidária.

Notou-se um enorme aumento nos problemas de saúde pública, em especial da saúde mental.

Cresceu em muito o número de pessoas com ansiedade, depressão, burnout, e se agravaram casos já existentes de problemas mentais.

Nota-se que as pessoas estão mais intolerantes, são comuns discussões por motivos fúteis em filas (de banco, supermercado, hospitais etc.), no trânsito, em clubes, casas noturnas etc.

Aumentou e muito os casos de separações, divórcios, agressões, ameaças etc.

Constata-se que o poder público (em geral, e também em Bragança) tomou as atitudes em relação ao combate a pandemia, mas não se preparou para os reflexos futuros sobre a saúde mental.

Há uma demanda muito grande de pessoas que necessitam de consultas de psicólogos, psiquiatras, além de outras que necessitam de tratamento.

E infelizmente não há estrutura para tais necessidades. Isso precisa ser enfrentado e minimizado pela atual administração municipal (e pela que a suceder).

Sindicância

Prefeitura abriu sindicância contra servidores que se manifestaram contra o que consideram baixo reajuste de seus vencimentos.

Isso é extremamente polêmico e “pega muito mal”.

Caso isso seja levado em frente, demonstra que a atual administração não aceita contestações e críticas e age com grande autoritarismo.

Tirolesa

E a tirolesa no Lago do Taboão? Foram gastos mais de 600 mil reais, e ela quase nunca funciona.

Ninguém quer explorar, parece inviável economicamente.

E aí fica parada

Juro que é verdade 

Quando criança, isso no começo dos anos 60, eu e meus primos – Fernando, Chico e Babalu – tínhamos verdadeira adoração pelo nosso tio Carlito, que morava em São Paulo.

Ele era super legal, usava sapato sem meia, óculos rayban, tinha um Karman Guia conversível e nos levava passear, as vezes até “cantando pneu” do carro.

Ele nos dava presentes, comprava figurinhas e nos abastecia com chocolates e refrigerantes.

Era o tio moderno, “playboy”, nosso ídolo.

Depois ele teve problemas pessoais e suas visitas a Bragança foram rareando, até não vir mais.

Soube, pela família, que ele estava com problemas de saúde e depressão.

Muitos anos se passaram, até que em 1978, quando eu estacionava meu carro na praça central, vi olhando para mim o tio Carlito.

Olhou para o meu carro e perguntou se poderia “pilotá-lo”. Com prazer concordei e fomos rumo a “Fernão Dias”.

Carlito estava animadíssimo com o automóvel (um Passat 0 km), concentrado, mudando as marchas e repetindo: ”BELO CARRO, BELO MOTOR”.

Achei ele um pouco estranho, mas lembrei que tio Carlito sempre foi jovial e diferente, e não liguei.

De repente, do nada e a 120 kms por hora, ele iniciou uma estranha narração: – “VI 10 AVIÕES JAPONESES E 10 AVIÕES AMERICANOS. DEPOIS DE UMA BATALHA DE HORAS, CAÍRAM TODOS OS AVIÕES JAPONESES E OS AMERICANOS VOLTARAM PARA A BASE”.

Perplexo e meio apavorado, percebi que havia algo muito errado, mas mesmo assim, perguntei: – É UM FILME QUE VOCÊ ASSISTIU?

Ele respondeu que não, que havia visto a batalha quando estava na praia.

Consegui convencê-lo a parar o carro no acostamento sob o pretexto de lhe mostrar o motor, e retomei a direção.

Voltei a praça central e encontrei meu outro tio (Chiquito) procurando-o preocupadíssimo, pois ele havia saído de sua casa repentinamente e eles estavam a caminho do hospital.

Foi a última vez que vi o tio Carlito.

Não muito tempo depois, ele faleceu, e senti muito.

Mas ficou marcado nosso último encontro, onde ele mesmo imaginando batalhas aéreas, pilotava o carro com maestria.

Esse era meu tio querido. Eternamente jovem.


*Marcus Valle é advogado, professor universitário e ex-vereador. 


Contato: [email protected]

A Coluna do Marcus Valle é publicada todos os sábados. Para conferir as colunas anteriores basta clicar aqui.

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