Coluna Marcus Valle e as obras e festas em ano eleitoral
Obras e festas
Nesse ano (eleitoral) a Prefeitura está investindo, fazendo o que é a marca, o “forte”, das administrações do Grupo Chedid: 1- festas e eventos; 2- obras com visual, e “conservação da cidade” (as questões sociais não são ignoradas, mas não são tão priorizadas).
Muitas ruas estão recapeadas, obras atrasadas ou paralisadas estão sendo retomadas (quase todas) e muitos eventos sendo realizados (festas de fim de ano, pré-carnaval e carnaval; competições, apresentações esportivas; shows artísticos etc.).
Essas ações quando feitas com acerto geram repercussão junto ao eleitorado. Atenuam o enorme desgaste que sofreu a administração no último ano, com 33 obras sem conclusão, trânsito horrível, transporte coletivo com sérios problemas, desentrosamento entre Secretarias, problemas sociais e de saúde pública e mental agravados pós – pandemia etc.
Dizem que se aposta ou se acredita que na política “a ultima impressão é que fica”.
Dengue
Publicamos na última coluna nossa preocupação com duas questões da área de saúde: 1 – Dengue; 2- Saúde mental.
No que se refere a dengue, a Prefeitura através da secretaria tem demonstrado ação tanto na prevenção (fiscalização e conscientização da população), como no atendimento aos infectados. Temos acompanhado as ações, e nos parecem satisfatórias. O problema é nacional, e no sul de Minas Gerais e nossa região há grande incidência da doença (transmitida por mosquito que tem como criadouros água parada, lixo acumulado etc.).
Saúde mental
Em que pese o bom atendimento que se faz na questão da pandemia (com alguns equívocos pontuais), mas com equilíbrio (sem grandes exageros ou omissões), a administração municipal, ao que parece não priorizou a saúde mental, que sofreu enormes reflexos e consequências em relação a esses quase 2 anos de mudanças.
Os efeitos pós- pandemia foram terríveis para muitas pessoas (infectadas ou não pela COVID): medo; prejuízos econômicos; quebra da rotina; falta de contato social; perda de familiares ou conhecidos; divórcios e separações; sequelas físicas e psicológicas etc., causaram um aumento considerável nos casos de depressão; ansiedade; bournout e agravamento (ou até, gatilhos) para patologias mentais.
Aumentou em muito a venda de medicamentos “faixa preta” (controlados), e as consultas com psicólogos e psiquiatras (particulares ou convênios) são marcadas com dificuldade, devido a intensa procura.
Os que não podem pagar – que são a maioria, infelizmente – precisam ter o apoio do poder público, com atendimentos rápidos, o que me parece, não ter sido previsto.
Estradas
Muitas reclamações sobre as condições de estradas rurais do município.
Especificamente, nos falaram sobre a Guaripocaba (estação), onde serviço recente foi feito, e o local já está complicado.
Festa do Peão
Depois do Carnaval virá a Festa do Peão. É um sucesso de público, a maioria gosta.
No entanto, existe a questão: “sai muito mais dinheiro do que entra no município”, devido ao sistema da festa.
A maioria dos barraqueiros é de outros locais, a cerveja vendida tem que ser adquirida da empresa (que compra fora), e a grande maioria dos frequentadores faz despesas só dentro do local do evento.
Poucos setores (selarias, hotéis, algumas lojas) são beneficiados, mas a maioria é prejudicada, e há efeito ressaca.
Outra coisa a se corrigir é a questão de cambistas (todo ano isso ocorre.. e nada de corrigir).
Colocados à venda os camarotes, pouca gente consegue comprar pelo preço original.
A maioria fica na mão de pessoas que os revendem com lucro.
Reforma na praça
Reforma na praça Raul Leme está deixando muita gente apavorada, principalmente comerciantes e prestadores de serviço das proximidades.
Os motivos são óbvios. A reforma da Praça José Bonifácio (que na minha opinião não foi nenhuma grande maravilha – o local ficou árido, sem vegetação) demorou muito, e os atrasos prejudicaram em muito as atividades financeiras econômicas (e até sociais) das proximidades (há comerciantes que relataram de 20 a 50% de queda do faturamento).
Prevendo que as obras causarão prejuízos e demorarão, a Prefeitura resolveu fazê-las por pedaços, setores. Fechou parte da praça (do inicio até o pergolado) e deixou a outra (próxima a igreja) aberta, para ser reformada posteriormente.
Entrega ruim
Assinar o jornal Folha de São Paulo (que é o melhorzinho do país, até porque ouve, publica e critica todos os lados), é terrível para quem ainda gosta das edições de papel.
São constantes os dias em que o jornal simplesmente não é entregue.
Golpes pela internet
Um golpe muito comum. A vitima recebe uma ligação gravada, com pretensas imagens da agencia bancária onde tem conta, e comunicam que está havendo uma transação num valor alto.
Pedem para que a pessoa confirme ou negue a transação, digitando dados, etc.
Não faça isso….se tiver dúvidas ligue para a sua agência, ou vá até lá…mas não forneça nenhum dado. É um golpe muito comum, conforme já dissemos no início.
Direito Penal
As provas ilícitas não podem ser usadas para condenar alguém, mas se confirmadas a verossimilhança (verdade) do seu conteúdo, podem se utilizadas para a defesa do réu.
Exemplo: estou sendo acusado de matar alguém, mas num grampo ilegal de telefones, há uma conversa em que Luís confessa ter sido o autor do crime. Essa prova é ilegal para condenar Luís, mas pode ser usada para me absolver (desde que seja verossímil).
Há outras coisas a verificar nesses casos, além da análise da prova ilícita: – a questão da DESCOBERTA INEVITÁVEL (antes já estavam investigando oficialmente Luís e cavando o quintal onde estava o corpo) … …nesse caso ele poderia ser condenado.
Juro que é verdade
Na advocacia criminal, a gente vê coisas bem estranhas e reações mais inusitadas ainda.
No começo dos anos 80, fui nomeado para um júri de um réu que havia matado a companheira por causa de uma traição.
Na época, ainda se aceitava a tese “legitima defesa da honra”, hoje totalmente superada e inaceitável depois da luta das mulheres.
No plenário, durante minha defesa, falei muito sobre a formação simples do réu, e sobre o fato dele ficar transtornado e estigmatizado perante seus amigos e o povo que convivia com ele (todos simples) como um “corno”, um “chifrudo”.
O nome dele era Mário, e eu disse:
– JÁ ESTAVAM CHAMANDO ELE DE “CORNÁRIO”, “CHIFRÁRIO”.
Ao final do júri, ele que havia sido denunciado por homicídio qualificado, teve sua pena bem reduzida, sendo condenado por homicídio privilegiado (4 anos).
Eu, super feliz com o resultado, achei que ele também estaria, mas logo após o júri me disse bravo:
– NÃO GOSTEI DAS COISAS QUE O SENHOR DISSE… “CORNÁRIO… CHIFRÁRIO. TIVE VONTADE DE PULAR NO SEU PESCOÇO, DOUTOR.
Daí eu percebi que realmente o meu discurso era totalmente real… sem exageros.
*Marcus Valle é advogado, professor universitário e ex-vereador.
Contato: [email protected]
A Coluna do Marcus Valle é publicada todos os sábados. Para conferir as colunas anteriores basta clicar aqui.
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