Jesus Chedid critica ABBC e fala em “bandidagem” na saúde
Um dia antes de sair de licença médica, ou seja, na segunda-feira, 21, o prefeito Jesus Chedid fez um discurso acalorado. Ele classificou como “bandidagem” a situação da Saúde em Bragança Paulista na administração anterior. O discurso aconteceu durante a posse do secretário Dorival Francisco Bertin, no gabinete do prefeito.
Chedid, também defendeu na oportunidade, sua secretária Marina de Fátima Oliveira. Ele disse aliás que ela é uma mulher forte, apesar das criticas que recebe.
Investigações do Gaeco
O telefone de Marina de Fátima Oliveira, segundo investigações Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) de Campinas foi encontrado no celular do médico Oswaldo Perezi Neto com um programa de auto destruição de mensagens.
O médico prestava serviços em Bragança Paulista através da Organização Social Reviva. Ele foi preso na segunda fase da Operação Ouro Verde. Para o MP as investigações mostram que a Reviva é um braço da Vitale, organização social que administrava o Hospital Ouro Verde, em Campinas e alvo de apurações de desvio de mais de R$ 7 milhões.
As investigações da Ouro Verde, aliás, prosseguem e o MP não confirma nem descarta se há ou não investigações envolvendo Bragança Paulista.
Cei da ABBC
Durante seu pronunciamento o prefeito Jesus Chedid criticou a atuação dos vereadores com relação a votação do relatório da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Saúde. A CEI realizada em 2018 em Bragança Paulista investigava os contratos da Prefeitura com a Associação Brasileira de Beneficência Comunitária (ABBC). Jesus Chedid, disse que alguns vereadores não tiveram hombridade e deu a entender em sua fala que os vereadores receberam dinheiro para votar contra o relatório final da CEI.
“Os vereadores não tiveram coragem de enfrentar o dinheiro da ABBC. Nos dois dias antecedentes a votação da Câmara, quem estava na rua? O dono da ABBC. Passou dois dias e duas noites aqui. Por acaso será? Nós perdemos por acaso esta votação? Não foi não. Foi no dinheiro. Porque eles badernaram o nosso orçamento”, disse.
O relatório foi votado no dia 24 de outubro, no plenário da Câmara e rejeitado por 9 x 8. A vereadora Fabiana Alessandri não compareceu a votação e a presidente Beth Chedid só votaria em caso de empate.
Votaram contra o relatório os vereadores: Basilio Zecchini Filho, José Gabriel Cintra Gonçalves, Antonio Bugalu, João Carlos Carvalho, Natanael Ananias, Moufid Doher, Marcus Valle e Quique Brown.
Os vereadores Cláudio Moreno, Sidiney Guedes, Tião do Fórum, Paulo Mário, Rita Leme, Marcolino, Ditinho Bueno e Dr. Cláudio votaram a favor do relatório.
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Jesus Chedid disse que se não tivesse vereadores que o apoiam, um vice-prefeito companheiro e o deputado Edmir Chedid para o orientar, não enfrentaria o que ele classificou de “bandidagem”. “Bandidagem é o que fizeram com Bragança, né Marina? É bandidagem o que cobraram da nossa gente, o que exploraram”, disse.
O prefeito ainda disse que recuperou as finanças da cidade, que não tinha crédito.
Confira o discurso do prefeito Jesus Chedid:
Após o discurso a reportagem do Bragança Em Pauta procurou a ABBC diante da gravidade das denúncias. A entidade, respondeu os questionamentos através de uma nota oficial, informando que irá tomar as providências jurídicas sobre as declarações. Confira a nota da ABBC na íntegra sobre o assunto:
Nota oficial ABBC
“A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BENEFICÊNCIA COMUNITÁRIA – ABBC, é uma organização social (O.S.) especializada em gestão de saúde pública, entidade do terceiro setor, de nível nacional, de direito privado, com princípio vestibular voltado à inclusão social.
Informamos que diferentemente do que foi dito pelo Chefe do Poder Executivo deste município, a entidade não possui qualquer ‘’dono’’, trata-se de uma união de pessoas que prezam pelo bem comum e não medem esforços visando que a população tenha saúde de qualidade como preceitua nossa Constituição.
A entidade é uma associação sem fins lucrativos, como define o Código Civil Brasileiro, sendo uma entidade seguidora das normas e preceitos legais.
Todos os valores dispendidos e gastos com o município se encontram aprovados na prestação de contas e na contabilidade que foram entregues de forma mensal e anual, bem como ainda as contas foram aprovas pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
A fala do Chefe do Executivo demonstra que o relatório rejeitado se encontrava eivado de vícios, fruto da parcialidade cometida por alguns edis ligados ao clã que domina a política, bem como uma tentativa de se fazer politicagem em um ato tão sério.
Sendo certo que, a votação do relatório demonstrou a imparcialidade, que se espera em uma democracia, daqueles que são fiscais do Poder Executivo, bem como a harmonia entre os Poderes, fruto de que os pesos e contrapesos funcionam, e ainda que a população bragantina reconheceu nosso trabalho.
Denota-se que a fala utilizada é uma tentativa de requentar fatos e criar uma cortina de fumaça ante as notícias que são divulgadas pela imprensa local sobre investigações em curso relacionados a atual gestão da saúde.
Destaca-se que serão tomadas todas as medidas legais visando a punição do responsável por essa difamação e calúnia contra a honra da entidade, sendo que serão tomadas todas as medidas na esfera cível e penal.
Estamos à disposição para quaisquer outros esclarecimentos que se façam necessários.
São Paulo, 17 de dezembro de 2018.
Associação Brasileira de Beneficência Comunitária – ABBC
Jerônimo Martins de Souza
Diretor Presidente”