Medalha Zumbi dos Palmares é entregue em Bragança Paulista

Medalha Zumbi dos Palmares é entregue em Bragança Paulista

Neste domingo (20), é Dia da Consciência Negra. Durante a semana, a Câmara Municipal de Bragança Paulista realizou sessão solene para entrega da medalha Zumbi dos Palmares a cinco pessoas que contribuíram para a causa dos afro-descendentes no município.

Zumbi dos Palmares foi um dos líderes do maior quilombo que já existiu no Brasil, Quilombo dos Palmares. Zumbi é um dos símbolos de resistência e luta contra sua escravização no contexto do Brasil colonial.

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Na oportunidade, foram homenageados: Érico Husani de Oliveira, indicado pela Instituição Faros D’Ajuda; Marcela Cristina Castilho, indicada pela Acohab (Associação Comunitária de Habitação Popular de Bragança Paulista); Izilda Aparecida de Toledo, indicada pela Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil da 16ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Bragança Paulista; Gisele Bertolini, indicada pela Residência Inclusiva Rosa Maria, e Edison de Oliveira Rodrigues, indicado pela Abuc (Associação Bragantina de Umbanda e Candomblé).

“É emocionante ver você crescer, pessoas falando que você não vai chegar a lugar nenhum e hoje estar aqui recebendo uma medalha dessa”, disse emocionado o homenageado Érico Husani de Oliveira.

“Eu venho de uma família que luta contra a desigualdade social e pela equidade racial de Bragança Paulista através da educação e da cultura”, afirmou Marcela Cristina Castilho.

“Eu, uma mulher negra, vinda de uma família interracial, experimentei desde muito cedo os tentáculos do racismo e a forma como ele afeta o desenvolvimento do ser humano. Estatisticamente a extrema pobreza e a exclusão social afeta diretamente pessoas pretas. Essas agressões partem dos indivíduos, mas ela também é institucional e mesmo sendo crime, as pessoalmente principalmente nos últimos anos se sentiram muito confortáveis em disseminar o ódio e a agressão de forma explícita”, disse Marcela.

A homenageada Izilda Toledo, mulher preta, militante, pedagoga, especialista em docência para o Ensino Superior e Educação Etnicorraciais. Atuou em diversas frentes sempre a favor do cuidado e do fortalecimento da autoestima do povo preto e de sua ascensão social, bem como em prol da igualdade de gênero na região de Bragança Paulista.

“Racismo ou você combate, ou você faz parte dele. 20 de novembro carrega uma perspectiva mais ampla de luta contra a escravidão, contra o racismo, contra a situação das pessoas negras em contexto colonial e racista do Brasil. Porém é preciso lembrar que a promulgação da lei que encerrou o período escravista no Brasil não foi uma iniciativa da princesa Isabel, mas sim uma luta de muitos anos e figuras negras importantes, contextualizou em seu discurso.

“Fui protagonista da formação de um aquilombamento, iniciado no final dos anos 1980 e durante os anos 1990. Esse aquilombamento teve a duração de quase 30 anos e foi denominado Associação Recreativa e Cultural Afro-Brasileira (Arcab). Transformei minha casa em um espaço de formação de novos cidadãos e cidadãs, aptos a buscarem um posicionamento diferenciado na sociedade. Todos que chegavam eram acolhidos de maneira única e amorosa, não havendo distinção, tampouco questionamento sobre cor, credo ou orientação sexual. Tiveram a oportunidade de conhecer e assumir a sua identidade real. Foram muitos. Hoje posso fazer um feedback e entender a missão que me foi transferida pelos meus ancestrais”, resume Izilda.

Outro homenageado a fazer uso da palavra foi Edison de Oliveira, que disse que “Ser um sacerdote de culto africano não é tão fácil, a gente luta contra o preconceito racial, o preconceito religioso. É luta”.

COMISSÕES DA VERDADE E DA IGUALDADE RACIAL PROMOVEM PALESTRA

Também nesta semana, a Comisssão da Verdade sobre a Escravidão Negra e a Comissão da Igualdade Racial, ambas da OAB de Bragança Paulista, realizaram uma palestra em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado no próximo dia 20 de novembro.

A palestrante trouxe o tema “A Invisibilidade do envelhecimento da população negra como um dos tentáculos da necropolítica violando os Direitos Humanos” e contou com a participação da palestrante Lenny Blue de Oliveira. A anfitriã foi a advogada Thairine Cristina da Silva Domingos e o mediador o sociólogo e especialista em relações raciais, Leonardo Borges da Cruz.

Lenny Blue de Oliveira tem 69 anos é advogada ativista racial e feminista, Também é escritora, co-fundadora do Movimento Negro Unificados e atual vice-presidente da Comissão de Verdade e Memória da Escravidão Negra da OAB-SP. Além disso, é membra do IANB – Instituto da Advocacia Negra Brasileira, marchante da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, integrante do bloco Ilú Obá De Min, pesquisadora e eterna aprendiz interseccional, com publicações diversas no campo do Feminismo Negro e Envelhecimento.

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