Projetos sociais alimentam moradores em situação de rua em Bragança
Há quase dois anos, a pandemia de COVID-19 trouxe incertezas na vida dos brasileiros e para quem vive em situação de rua, o contexto ficou ainda mais difícil. Além do medo diário de quem dorme nas calçadas de Bragança Paulista e da dificuldade de se proteger contra o vírus, muitos moradores de rua viram as assistências diminuindo.
Foi observando a rua da própria casa que Sonia Granado, decidiu criar o “Projeto Juntos Somos Mais”. Ela, que há anos ajudava os moradores de rua próximos de sua casa, deu início à produção de marmitas no mês de fevereiro deste ano. Já são nove meses de trabalho dedicados a alimentar, pelo menos uma vez por semana, pessoas em situação de vulnerabilidade que não têm onde morar.
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“São vários sentimentos, porque a vontade é tirar todos da rua. É uma vida muito triste e acabamos fazendo amizade com eles. O principal motivo de morar nas ruas, é a droga e a bebida. Às vezes dá uma frustração, por querer fazer mais, mas é quase impossível. É muito bom saber que, de alguma forma, conseguimos alegrar o dia de alguém”, conta.
Quantidade de marmitas
Sozinho, o projeto produz de 50 a 60 marmitas por segunda-feira, mas nos últimos meses alguns obstáculos surgiram. Segundo Sonia, as doações de alimentos para a produção das marmitas estão cada vez mais fracas. Para piorar, com a alta nos preços dos alimentos e do gás de cozinha, o impacto no trabalho social foi muito grande.
“Com a alta do preço das carnes, estamos usando proteína de soja, e substituindo as carnes por alguns legumes também. Doações de proteína animal caíram bastante. Usamos em média de 6 a 7 kg de carne por dia. O que ainda doam é salsicha”.
Parceria
Desde que iniciou o projeto, Sonia conta com a parceria de Cristina Marcondes fundadora do “Projeto Prato Cheio” que há quase três anos distribui marmitas aos moradores de rua de Bragança Paulista. Cristina viu no desperdício de alimentos da própria casa uma motivação para iniciar a ação.
“Foi muito por um acaso, sabe? Sempre que sobrava comida em casa, ia para o lixo. Um dia falei: ‘nossa tanta gente passando necessidades né, judiação’. Aí coloquei num pote de sorvete e falei para meu esposo: ‘vamos levar ali perto da Rodoviária Velha, sempre tem pessoas que moram na rua ali’”, conta.
De acordo com ela, a produção começou com 10 marmitas, mas no auge da pandemia, chegou a produzir 90. Hoje ela entrega cerca de 60 marmitas por dia e também leva ração aos cães dos moradores de rua que sempre os acompanham. O projeto distribui marmitas 4 dias por semana, sendo a segunda-feira um dia de parceria entre as duas ações. Sonia produz as marmitas e Cristina entrega aos moradores de rua.
“Já chorei, já sorri, já me emocionei com muitos deles. Já tomei as dores para mim e peguei carinho por alguns. Uma coisa eu tenho certeza, faz mais bem para nós próprios que para eles. Não nos cabe julgar o porquê estão ali, o porquê vivem essa vida, Nos cabe tentar amenizar um pouco esse sofrimento que é viver na rua”, explica Cristina.
No momento, ambos os projetos passam por dificuldades devido a diminuição da doação de alimentos, inclusive o básico, como arroz, feijão e proteína. Aqueles que quiserem ajudar com doações, podem entrar em contato pelos números: (11) 97222-7093, Projeto Juntos Somos Mais e (11) 99773-8897, Projeto Prato Cheio.
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