Coluna Marcus Valle e o transporte coletivo de Bragança

Coluna Marcus Valle e o transporte coletivo de Bragança

*Por Marcus Valle

Justiça

Como advogado, vejo cotidianamente a “sede de justiça” por parte de grande parte da população. Muitas pessoas são adeptas da “justiça seletiva”, “para os amigos tudo, para os inimigos a lei” (mesmo que aplicada com exagero).

É difícil explicar às pessoas que quando um “bandido” sofre uma escuta ilegal, ou uma tortura, por exemplo, isso não pode ser admitido, porque hoje é ele, mas amanhã se abre um precedente para se torturar um inocente, ou escutá-lo ilegalmente para fazer chantagem.

O “cidadão de bem” (abomino esse termo) também pode ser vítima de ilegalidades de maus profissionais (que existem um todas as profissões, embora sejam minoria).

Portanto quando se defende a aplicação das normas para todos (“cidadãos de bem, ou de mal”), se defende a legalidade, a democracia.

Isso pode até gerar alguns casos de impunidade, mas evita que cidadãos inocentes sejam punidos injustamente, ou que haja desproporção e exageros nas punições.

O “cidadão de bem” pode ser transformado em “cidadão do mal” com a hipócrita justiça seletiva.

Ônibus: Péssimos serviços

Em Bragança tínhamos uma média – nos anos 90-2000 – de 750 mil passageiros – pagantes por mês dos ônibus circulares.

Hoje, com ubers, motos, bicicletas e a deficiência nos serviços, o número de passageiros caiu muito, mal chega a 400 mil.

Virou uma bomba relógio e um circulo vicioso, maus serviços, atrasos, poucos investimentos, e a prefeitura tendo que subsidiar parte dos valores para manter o “equilíbrio financeiro dos contratos”.

E de nada adianta aumentar os valores das passagens, pois além de onerar aos usuários (acima da inflação), ainda vai se reduzir ainda mais o número de passageiros.

Enfim, a continuar assim, o serviço será cada vez pior.

Tarifa zero? Custo é suportável?

Alguns municípios –são 69 no país – a maioria deles com grande arrecadação, instituíram a “tarifa zero”, ou seja, ônibus grátis à população.

Embora isso seja socialmente defensável, pois as pessoas mais pobres seriam beneficiadas, o custo da medida pode ser proibitivo para grande parte das prefeituras.

Com a medida, é evidente que aumentaria o número de passageiros, mas se reduziria um pouco o valor que a empresa receberia por cada um deles (custo + lucro).

Em Bragança, fazendo um mero “chutometro”, se tivéssemos 750 mil passageiros a um custo de 3 reais cada uma, a Prefeitura gastaria cerca de 25 a 30 milhões por ano para instituir a tarifa zero.

Isso é possível num orçamento de 700 a 800 milhões?

Poderia se criar alternativas (economia, e ou compensações na arrecadação)?

Um estudo deve ser feito. Antes, as empresas tinham lucros, depois passaram a ser subsidiadas, e o serviço é péssimo.

Mas do jeito que está, não pode ficar.

Estradas da região

Temos notícia de muitos acidentes graves nas estradas da região, com vítimas fatais.

Na 1-Variante do Guaripocaba; na 2-Bragança – Socorro; 3- Bragança – Amparo; 4-Bragança – Piracaia e 5-Bragança – Itatiba, são muitas ocorrências.

São rodovias pequenas, com apenas 2 pistas, e que variam de 12 a 50 km no máximo.

Elas necessitam de melhores acostamentos, duplicação de trechos, retornos e rotatórias mais seguras, e espaços para bicicletas e pedestres.

A “Bragança – Itatiba” nos parece a mais perigosa de todas. Se calcularmos o número de acidentes por quilometro, chegaremos à conclusão que é uma das mais perigosas e letais do país.

Sempre são prometidas e noticiadas futuras obras e melhorias nessas estradas, mas raramente esses anúncios se tornam realidade.

Sabemos que os recursos do governo estadual são imitados, e que há cobranças constantes da classe política local e da população para tais obras de melhorias.

Mas… infelizmente, o problema se agrava cada vez mais.

Cassação é pena capital

Quem se mete a ser exorcista não pode ter pecado”. Como exemplo regional cito os casos do município de Vargem. Iniciou com uma cassação do vice prefeito por motivos pequenos, depois tivemos a cassação do prefeito (também por razões nada graves), do outro sucessor, e do subsequente. Vargem teve 5 prefeitos em menos de 4 anos (nenhum foi cassado por corrupção).

O ex –membro do M.P e deputado federal eleito Deltan Dallagnoli (PR) teve seu mandato cassado pelo TSE.

Tenho como ideia o princípio da proporcionalidade, ou seja, só se cassar um mandato (é a pena de morte do político) em casos excepcionais, já que o voto popular (por  mais equivocado que pareça) deva ser respeitado.

Mas quando se inicia um “vale – tudo” (quando o promotor Deltan é acusado de ter cometido enormes exageros e até combinar táticas com juízes) se está sujeito a “lei do retorno”.

Quando alguém abre um precedente para “fazer justiça”, está sujeito a ser futuramente alvo da “mesma regra”. É errado… mas acontece.

Zona Azul

Muitas reclamações sobre exageros na implantação de locais de zona azul, criando verdadeiras zonas mortas, e, ou, fábricas de multas.

Motorista estaciona, não consegue ativar o aplicativo pela internet, e já é multado.
Falta tolerância, e critérios dos locais necessários.

Enfim… se subverte a verdadeira finalidade da zona azul.

Cemitério….Segurança?

Tenho recebido várias reclamações sobre furtos de objetos e placas nos túmulos do Cemitério da Saudade. Pensei que tinha vigilância no local.

Juro que é verdade

Anos atrás, numa tarde de sábado, eu super cansado fui até a sauna do Clube de Regatas para tirar o estresse. Antes de entrar na sauna, resolvi cortar o cabelo, fazer a barba e limpeza de pele, serviço que tem no clube. Mal me sentei, chegou um cara, calibrado, que me conheceu, e começou a reclamar de um ponto de ônibus que ficava em frente a sua casa, e que segundo ele tinha que ser mudado de lugar.

Eu disse que ia verificar a situação, mas ele parecia não entender e a todo momento repetia a reclamação e os argumentos, com a voz pastosa. Eu não podia sair e fiquei cerca de meia hora ouvindo a mesma reclamação. Fiquei estonteado na cadeira da cabeleireira e sai rápido quando ele se distraiu com a chegada de uma outra pessoa.

Entrei na sauna à vapor e pensei: AGORA PRECISO RELAXAR EM DOBRO. Mal eu tinha entrado, abre a porta da sauna e entra o mesmo cara…só que devido ao vapor (e ao fogo que ele estava) não me reconheceu.

Fiquei quietinho, mas ele puxou conversa: O SR. É DAQUI? COMO É SEU NOME. Mudei a voz e disse: ARNALDO. Ele começou a falar: SEU ARNALDO EU TAVA FALANDO LÁ FORA PRUM VEREADOR DUM PONTO DE ONIBUS EM FRENTE A MINHA CASA. E começou a falar tudo de novo. Pedi licença…. e sai correndo da sauna e do clube.

*Marcus Valle é advogado, professor universitário e ex-vereador. 

Contato: [email protected]

A Coluna do Marcus Valle é publicada todos os sábados. Para conferir as colunas anteriores basta clicar aqui.

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Um comentário em “Coluna Marcus Valle e o transporte coletivo de Bragança

  1. Marcus.. muito boa sua coluna hoje, mas, vc poderia questionar pq tantos vereadores faltaram na audiência pública dos ônibus esta semana??? Estão interessados ou não podem estar??? Abraço. Parabéns.

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